Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O COMPROMETIMENTO DA FORMAÇÃO MÉDICA COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL
Bernardino Geraldo Alves Souto

Resumo


Caracterização do problema: Não é difícil perceber que culturalmente formamos as pessoas mais para o mercado do que para a sociedade. Na área da saúde, essa tradição tem limitado o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Descrição da experiência: Com a intenção de formar mais médicos para a sociedade, o Curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos tem uma Unidade Educacional de Prática Profissional (UEPP) que ocupa 60% de toda sua carga horária. É por meio dessa Unidade que estudantes e professores trabalham, estudam, questionam e produzem no cotidiano da sociedade, aqui representado pelo SUS. Os estudantes tornam-se membros de equipes de saúde no âmbito de suas atividades práticas de ensino-aprendizagem, especialmente na atenção básica. Co-responsabilizam-se junto com essas equipes pelo cuidado à saúde das pessoas, meio pelo qual aprendem a prover cuidado individual e coletivo, gestão de serviços e educação em saúde, bem como a atuar de modo transprofissional. Nesse ambiente, vivenciam o SUS, compreendem suas potencialidades e seus problemas, e desenvolvem postura crítica construtiva em relação as necessidades sociais na área da saúde. Tais atividades são supervisionadas por docentes que, simultaneamente, apoiam a gestão do trabalho nas Unidades e o processo assistencial. Efeitos alcançados: Essa estratégia tem favorecido mudanças nas práticas de cuidado, especialmente no ambiente da atenção básica de saúde. A assistência nas unidades de saúde da família onde o ensino acontece tem migrado de um modelo centrado no médico e na doença para um modelo de cuidado ampliado e integral transprofissional centrado na pessoa. Nota-se, também, a incorporação de estratégias fundamentadas na evidência científica, aumento da resolubilidade assistencial, humanização do cuidado e qualificação da gestão e dos processos de trabalho. Os médicos assim formados têm demonstrado maior competência para atuar construtivamente no SUS e para prover cuidado centrado no sujeito, e desempenhando melhor seu papel social. Recomendações: Para que o SUS alcance seus objetivos e princípios fundamentais é importante o comprometimento dos projetos pedagógicos dos cursos de medicina com a qualificação desse sistema. É necessário que a formação médica se dê no mundo real e cotidiano da assistência pública de saúde para que os profissionais formados sirvam prioritariamente à sociedade.