Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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INCORPORAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) NO MODELO BRASILEIRO DE ATENÇÃO A PESSOAS QUE VIVEM COM O HIV
Bernardino Geraldo Alves Souto

Resumo


Caracterização do problema: O Programa Brasileiro de Controle do HIV/Aids é eficiente em relação a objetivos epidemiológicos e logísticos. Entretanto, permite a influência das desigualdades sociais sobre a vulnerabilidade à infecção pelo HIV e sobre a evolução clínica da Aids, enfrenta dificuldades para melhorar a adesão terapêutica e o diagnóstico precoce, e não provê cuidado ampliado centrado na pessoa. Prioriza a doença, a atenção especializada e os resultados epidemiológicos por meio de uma gestão centralizada e de ações padronizadas. Alcança eficiência operacional, mas, não cobre os aspectos subjetivos e existenciais relacionados à vida com o HIV, os quais influenciam a adesão terapêutica, o diagnóstico precoce, a saúde geral e o bem-estar das pessoas que vivem com esse vírus. Quanto à adesão terapêutica e ao diagnóstico precoce, esse limite poderá comprometer a eficácia e a sustentabilidade do Programa; quanto ao bem-estar psicológico e social das pessoas, perde a oportunidade de subtrair sofrimento humano, de agregar valor pessoal ao sujeito e de garantir acesso na medida exata da necessidade. Descrição da experiência: Para ultrapassar esses limites propõe-se que as pessoas que vivem com o HIV sejam cuidadas por equipes de ESF mediante oferta de apoio matricial por parte do setor especializado e, se necessário, de atendimento individual por parte desse mesmo setor. Nesse sentido, a Universidade Federal de São Carlos, em parceria com o Ministério da Saúde, está iniciando uma atividade de extensão destinada a capacitar equipes de ESF para cuidar de pessoas que vivem com o HIV. Efeitos alcançados: Essa experiência está em fase de implantação operacional e encontrou, no primeiro momento, resistência por parte de alguns profissionais ligados ao setor especializado da assistência. No entanto tem sido bem recebida pelas equipes de ESF e por parte das pessoas que vivem com o HIV. Recomendações: É importante a qualificação dos profissionais dos setores especializados da assistência a pessoas que vivem com o HIV em relação aos aspectos psicológico e social que envolvem a vida com esse vírus, em relação à necessidade de oferta de cuidado ampliado e integral centrado no sujeito e a respeito do potencial de contribuição das equipes de ESF dentro de um modelo de cuidado compartilhado com o setor especializado.