Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CUIDANDO DE PESSOAS E NÃO DE SUBSTÂNCIAS: A EXPERIÊNCIA DE CLÍNICA E REDUÇÃO DE DANOS COM MORADORES DE RUA DO CONSULTÓRIO NA RUA DE CAMPINAS
Alcyone Apolinário Januzzi, Suzy Santos, Caroline Tatiele Moreira, Henrique Sater de Andrade, Thiago França Rio Branco Carvalho, Herminia Maria de Souza, Reginaldo Del Vesco, Carla Lancastria Miolo, Maria Magna Fernandes de Souza, Livia Bueno Pires, Fabiana Marelli Mancilha, Tadeu de Paula Souza, Sander Albuquerque Cavalcante, Ana Barbara Storolli, Janaina Hallais, Felipe Reque

Resumo


A nova Política Nacional de Atenção Básica (2011) institui, através das portarias 122 e 123 de 25 de janeiro de 2012, as Equipe de Consultório na Rua (ECR). Definidas como equipes multiprofissionais, agregando profissionais da tradicional Estratégia de Saúde da Família (ESF) e profissionais da Saúde Mental, o desenho das ECR advém de uma reformulação da proposta das equipes de Consultório de Rua, que eram de gestão da Saúde Mental, e tinham como foco de atendimento jovens usuários de substâncias psicoativas, trabalhando na lógica da Redução de Danos. As ECR, agora de gestão da Atenção Básica (AB), visam atender a integralidade da pessoa em situação de rua, incluindo na AB as ofertas de saúde da saúde mental: a Redução de Danos, os atendimentos a transtornos mentais e afetivos, articulando-as às ofertas tradicionais das ESF. A experiência em curso dos consultórios na rua nos instigam a refletir sobre esta função frente a centralidade dado ao uso de álcool e outras drogas. Estaríamos mesmo atendendo a necessidades gerais e em saúde das pessoas em situação de rua estruturando redes de cuidado para usuários? Em suma, a que vem os consultórios na rua e qual o seu papel dentro do cotidiano do SUS? Na experiência vivida pela Equipe do Consultório na Rua de Campinas são muitas questões que se colocam quando a complexidade da rua comparece e uma densa camada de demandas se sobrepõem ao tratamento do uso de álcool e outras drogas. Sem negligenciar essa esfera do cuidado, executamos nesses meses de trabalho uma clínica que colocou os moradores de rua em seu centro e a redução de danos como proposta de cuidado. Radicalizando a singularidade de cada um de nossos usuários, trazemos à tona diariamente os princípios do SUS perante esta população vulnerável e cheia de especificidades, gerando modulações novas para a rede de saúde. Assim, o Consultório na Rua de Campinas articulou de maneira inédita no município a linha de cuidado de dezenas de moradores de rua, a partir de suas próprias demandas, fazendo um trabalho integrado com equipamentos da atenção básica, saúde mental, urgência e emergência e assistência social, além de vários parceiros intersetoriais. Com delicadeza e respeito aos usuários, a realização do cuidado na perspectiva da redução de danos descaracteriza a atenção ao morador de rua como problema exclusivo da saúde mental, e traz para o centro do SUS pessoas com complexidades e desejos muito além do uso abusivo de álcool e outras drogas.

Palavras-chave


redução de danos, consultório na rua, cuidado, moradores de rua

Referências


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