Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CICLO DA VIOLÊNCIA SOFRIDA E PERPETRADA ENVOLVENDO ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA-CE
Kátia Costa Savioli, José Gomes Bezerra Filho, Francismeire Brasileiro Magalhães, Isabelle Silva Gama, Eriza de Oliveira Parente, Kélvia Maria Oliveira Borges

Resumo


Introdução: A violência envolvendo adolescentes enquanto fenômeno multifacetado e polissêmico destaca-se como grave problema de saúde pública e vem gerando altos custos para o indivíduo, família e comunidade. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico de adolescentes escolares envolvidos no ciclo de violência sofrida e perpetrada. Métodos: Estudo quantitativo, transversal, realizado em Fortaleza-CE, no ano de 2012, com 180 pré-adolescentes e adolescentes, matriculados em escolas da rede pública municipal e estadual de ensino. Utilizou-se para coleta de dados um formulário elaborado com referencial teórico no modelo ecológico da violência proposto pela Organização Mundial da Saúde. A análise foi realizada no EPINFO versão 7.1.1.0 for Windows e utilizaram-se técnicas de estatística descritiva e inferencial seguindo-se o roteiro de análise univariada, estratificada e multivariada. Na análise estratificada foi admitida uma significância de 5% para os testes de qui-quadrado e exato de Fisher. Para análise multivariada optou-se pela regressão logística. Resultados: A amostra foi predominantemente composta por adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos (68%), do sexo masculino (51,1%), matriculados em escola estadual (67,2%) e cursando o ensino médio (55,4%). Já moraram em casa de acolhimento 1,6%, fizeram sexo em troca de dinheiro e praticaram roubo 2,2%, tiveram experiência com drogas ilícitas 38,8%, desses, 21,5% afirmaram serem usuários atualmente. Quanto ao ciclo de violência, destacou-se que 39,2% relataram ter sido vítima de alguma forma de violência física, sendo que 20,4% sofreram na escola e, quando ocorrido na escola, 14% foram por parte de colegas. De forma aproximada, 36,6% assumiram que perpetraram a violência física. As variáveis preditoras que permaneceram no modelo final do desfecho sofrer violência física foram praticar violência física (OR=13,37), sofrer violência psicológica (OR=4,02) e usar drogas (OR=3,03). Em relação à violência perpetrada, a regressão logística mostrou que esta é mais frequente em adolescentes que já sofreram violência física (OR=18,83) e ficavam com a mãe quando criança (OR= 3,04). Conclusão: Revela-se uma problemática em que o ciclo da violência é muito complexo e gradual, o adolescente assume uma condição que passa rapidamente da posição de vítima para agressor, urgindo o fortalecimento da educação pública e da família com políticas públicas comprometidas com a recuperação da cidadania e dos direitos humanos.

Palavras-chave


Violência; Adolescente; Epidemiologia