Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A QUEM SE DESTINAM AS POLÍTICAS PÚBLICAS ANTI-DROGAS?”: PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES DE USUÁRIOS DE CRACK
Girliani Silva de Sousa

Resumo


A dependência química é um problema de saúde pública por suas consequências não atingirem somente aos usuários, mas também as famílias e a sociedade. Considerando todos os fatores que se interligam no processo de drogadição, ressalta-se a importância do papel da formulação e implementação de políticas públicas sobre drogas que correspondam da melhor forma, as necessidades dos indivíduos, famílias e sociedade. Desse modo, objetivaram-se compreender o entendimento dos familiares de usuários de crack sobre o público alvo das políticas públicas antidrogas. Trata-se de um recorte do projeto intitulado “Conhecer para cuidar: Caracterização do perfil epidemiológico e psicossocial de usuários de crack de Camaragibe-PE”. O presente trabalho é um estudo de caso, realizado em um centro de atenção psicossocial álcool e drogas (CAPs-AD). A coleta de dados foi feita através de entrevista, após a assinatura do CTLE, e teve como instrumento de coleta uma questão norteadora. As falas foram analisadas em profundidade pelas pesquisadoras. Os relatos evidenciaram uma reflexão acerca do público que as políticas antidrogas têm como foco. Em geral, o perfil do usuário é descrito de forma estigmatizada como jovens de periferia, negros, do sexo masculino e em situação de vulnerabilidade social. Esse perfil serve de referência na elaboração das políticas publicas. A literatura acadêmica via de regra reforça estes depoimentos ao evidenciar usuários predominantemente jovens e desabastados. É importante destacar porém que a maior parte dos estudos é realizada em serviços públicos de saúde ou educação e que geralmente estes locais não são frequentados pelos grupos sociais mais favorecidos. É importante salientar também que a percepção de pertencer a grupos sociais excluídos ou ser enquadrado como um jovem de risco social pode favorecer sentimentos de inferioridade, sofrimento e discriminação. Apesar de a literatura delinear um perfil de usuários, não se deve perder de vista o fato de que a maior parte dos estudos é realizada em locais pouco frequentados por pessoas mais favorecidas economicamente e que estes representam proporcionalmente uma parcela pequena da população. Logo, a restrição das intervenções para determinado grupo, não traduz a realidade da sociedade como um todo, passando a falsa impressão de que a droga é um problema apenas das classes sociais mais pobres.

Palavras-chave


Drogas; Políticas Públicas; Familiares