Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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QUE TERRITÓRIO É ESSE? A TERRITORIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE PROCESSOS DE TRABALHO EM SAÚDE MENTAL
Mariana Lúcia de Araújo Lima, Érika Sales, Gabriela Borges, Juliana Peixoto, Socorro Leonácio

Resumo


O território é um ator que perpassa o cotidiano coletivo, sendo também um espaço permeado por disputas políticas, sonhos, conquistas, mas também por contradições e reflexos da questão social. Milton Santos (1977) afirma que “o espaço construído e a distribuição da população, não tem um papel neutro na vida e na evolução das formações econômicas e sociais”. A territorialização possibilita adquirir um conhecimento aprofundado, despido de visões alienadas sobre o território; permite conhecer para intervir a partir das fragilidades e potencialidades do espaço. Este trabalho objetiva compartilhar a atividade de territorialização desenvolvida pelos integrantes (residentes e preceptora) da ênfase de Saúde Mental Coletiva da Residência Integrada em Saúde (RIS-ESP/CE), no contexto de um CAPS AD no município de Fortaleza. O processo de territorialização iniciou-se com uma oficina promovida pela Escola de Saúde Pública no módulo presencial da RIS, denominado “território e saúde”. No período de imersão no campo de prática, buscamos conhecer instituições que compõem a rede de saúde mental, como também espaços (institucionalizados ou não) de promoção à saúde, além dos processos de organização comunitária, histórico da comunidade, fluxos da rede e potenciais parceiros. Inicialmente, nos aproximamos do território por meio do olhar dos profissionais e usuários do CAPS AD. Em conversas informais, indagamos sobre as instituições que se localizam próximo e dispositivos que estes identificam como importantes para atuação conjunta. Realizamos pesquisa documental no acervo da instituição e aprofundamos estudos sobre seu projeto terapêutico institucional e relatórios de gestão do município. Esboçamos também uma lista com instituições que desejávamos conhecer e realizamos visitas a diversos dispositivos. Destacamos como parceiros prioritários os setores da cultura e educação. Percebemos que a territorialização é um momento ímpar na organização das ações dos serviços de saúde, no entanto esta prática encontra embargos à sua execução, desde entraves institucionais à falta de condições operacionais - ausência de transporte e apoio dos gestores. Consideramos que este processo é um constante caminhar, é abrir-se curiosamente ao encontro e seguir, mesmo reconhecendo a impossibilidade de apreender o todo, com receios e ansiedades do caminho.

Palavras-chave


saúde mental; territorialização; processo de trabalho.

Referências


SANTOS, M. Sociedade e Espaço: Formação Espacial como Teoria e como Método. In: Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n.54, 1977.