Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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E-SAÚDE E PARTICIPAÇÃO.
Nathá¡lia Silva Fontana Rosa

Resumo


Como parte do programa de doutorado em Comunicação e Jornalismo da Universidade Autônoma de Barcelona, meu projeto tem como tema a Comunicação para a Saúde no Brasil, orientado pelos fundamentos formais e conceituais da comunicação para a saúde a partir do debate dos usos das Tecnologias da Informação e da Comunicação no campo, conhecido por e-Saúde. Esta investigação está orientada a analisar os enfoques participativos da comunicação para a saúde, a partir de uma perspectiva relacional que a define como um processo de produção de sentidos no marco de um contexto social e cultural. Atualmente, este campo tem como elemento importante o programa governamental “Telessaúde Brasil”, uma ação nacional que busca melhorar a qualidade do atendimento e da atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, é possível notar que neste lugar discursivo, está presente uma lógica de atuar a partir de uma matriz informacional do fazer comunicação, que funciona como um dispositivo tradutor para informações desde um emissor com conhecimentos específicos a um receptor que precisa mudar seu comportamento para práticas consideradas mais adequadas na saúde, não localizando desta forma a comunicação sob parâmetros sociais complexos. Por outro lado, se observam ações a partir dos coletivos sociais, em alguns casos com o apoio do serviços públicos de saúde, nas quais os sujeitos organizados se apropriam de ferramentas da comunicação para a produção de seus próprios meios (rádio, televisão, jornal, etc.), como é o caso da Rádio “Maluco Beleza”, protagonizada pelos usuários da Rede de Saúde Mental de Campinas. Ainda que este não seja um processo novo, vale ressaltar que o uso das TIC neste espaços pode ampliar as possibilidades de expressão das demandas em matéria de saúde e promover a participação. A interpretação dos usuários da saúde sobre os fatos do cotidiano, inclusive sua doença, é uma produção de saberes que não são contempladas no espaço hegemônico dos meios de comunicação, os quais privilegiam o discurso científico oficial. A comunicação para a saúde dentro desta lógica, em lugar de valorizar somente os discursos tradicionalmente autorizados, tais como instituições, serviços e equipes de saúde, fomenta a participação e reconhece a existência de uma polifonia social, com a capacidade de acolher e amplificar as muitas vozes que comportam uma multiplicidade de significados possíveis para a saúde e a vida.

Palavras-chave


comunicação e saúde; e-Saúde; participação; produção de sentido