Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A FUNÇÃO APOIO E A GESTÃO ESTADUAL: ENTRE ENCONTROS, AFETOS, TRILHAS, ARMADILHAS E DOBRAS - CARTOGRAFIAS DA SAÚDE NO RIO DE JANEIRO
Tatiana Clarkson

Resumo


Em 2007, no momento da mudança da gestão estadual de saúde no Rio de Janeiro, alguns atores propuseram modificações nos modos de gestão da SES. A Superintendência de Atenção Básica criou uma Coordenação do Apoio à Gestão, responsável por coordenar o apoio aos municípios e integrar as áreas técnicas. Em 2009, após sequenciais mudanças de superintendentes, passa a gerir essa superintendência atores vindo de gestão municipal, e que tomam o projeto do apoio institucional e a abertura de espaços coletivos como vértice do trabalho. Desde então, experimentações do apoio por esse agrupamento na SES possibilitou a criação de espaço colegiado dos apoiadores, que passaram a se dividir por grupos de referência para as 9 regiões de saúde; fóruns de atenção básica; criação de espaços de discussão de rede a partir da proposta de inauguração da UPA; oficinas regionais; e a criação dos grupos de trabalho de AB nas regionais do estado. É objeto desse estudo a construção do apoio na gestão estadual tendo como objetivo além do levantamento desse processo de trabalho no período de 2007 a 2012, a compreensão do histórico dessa secretaria de saúde no estado do Rio de Janeiro trazendo o processo de regionalização vivenciado por esta, e sua interface, ou não, com a proposta do apoio. Foi utilizado como material de pesquisa, atas e relatórios de reuniões, oficinas e fóruns, portarias, planos estaduais de saúde, além de entrevistas realizadas com os gestores estaduais e municipais de saúde. Essa escrita tem como proposta metodológica a cartografia, trazendo memórias, afetos e narrativas dos profissionais de saúde envolvidos. Constatou que através do apoio houve maior aproximação das áreas técnicas do estado junto aos municípios, com maior acesso as informações sobre as políticas de saúde e recursos, assim como trocas de experiência entre os coordenadores de atenção básica, no entanto, segundo alguns gestores, ainda não capaz de mudar a realidade dos serviços. Apontam o não respaldo dos secretários de saúde como ponto crucial para o não desenvolvimento da atenção básica. O processo de regionalização realizado pelo estado foi apontado também como despolitizador do movimento dos secretários de saúde nas regiões, fragilizados e submetidos à judicialização, não à toa, vivenciando a alta rotatividade de seus cargos. Mesmo com a aproximação dos municípios pela via do apoio, e a quebra de práticas verticais, esse ainda não interfere no modo de produção da regionalização SES RJ.

Palavras-chave


Apoio Institucional; Gestão Estadual; Atenção Básica; Regionalização;

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