Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA MÉDICOS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA: ESTRATÉGIA PARA FORTALECIMENTO DO VÍNCULO INSTITUCIONAL
Marilene Barros de Melo, Lucília Nunes de Assis, Luciana Souza D'Ávila

Resumo


A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde é a base normativa para o processo de educação e qualificação dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde. Nesta perspectiva, um estado da região sudeste consolidou em 2004, o Programa de Educação Permanente (PEP) para os médicos de Saúde da Família. A priorização desta ação para esta categoria se pautou na possibilidade de fortalecer o vínculo institucional da mesma. Este trabalho é um recorte de uma ampla investigação sobre este programa e visa apresentar as ideias, imagens e percepções dos sujeitos envolvidos com a implementação do PEP sobre o porquê da fragilidade do vínculo deste profissional. Foram realizadas 34 entrevistas com coordenadores ou referências municipais do PEP e gestores das Superintendências Regionais de Saúde e oito grupos focais com supervisores, médicos participantes e enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde das equipes as quais estavam inseridos esses médicos. A partir da Análise de Conteúdo dessas informações, apreendeu-se que essa tendência ao frágil vínculo institucional do médico se associa às questões como o predomínio da formação médica centrada no modelo biomédico e voltada para a especialização; aos determinantes macroeconômicos que conformam o mercado de trabalho em saúde com predomínio ideológico da atuação médica no serviço especializado; a relação carga horária e cobertura de uma população adscrita acima do preconizado; a deficiência numérica das equipes; a demanda do gestor quanto à produção. De acordo com os sujeitos da pesquisa, a formação médica ao privilegiar a realização de consultas clínicas de forma isolada ao processo de trabalho em equipe tem dificultado às práticas em saúde vigentes na Estratégia da Saúde da Família (ESF). No que se refere ao mercado de trabalho observa-se certa desvalorização do médico que atua na ESF, pela própria categoria. As outras questões se relacionam à organização e gestão do processo de Atenção em Saúde. Na visão dos supervisores, a possibilidade de fortalecer o vínculo no âmbito do PEP é trabalhar a questão da valorização do médico da ESF, nos Grupos de Aperfeiçoamento Profissional de médicos participantes desse programa. As outras situações estariam relacionadas às influências externas ao PEP. Conclui-se que apesar do PEP buscar assumir uma responsabilidade técnica, social e política no 'fazer' em saúde, ele sozinho não conseguirá assegurar o vínculo do profissional médico, devido o seu caráter multifatorial.

Palavras-chave


Educação Permanente em Saúde; Médicos; Estratégia de Saúde da Família