Resumo
Relato de experiência da vivencia de campo prático na saúde, na disciplina Trabalho de Campo Supervisionado 1 desenvolvida pelos alunos do primeiro ano da faculdade de medicina da UFF numa interface da pesquisa com o ensino e a extensão. Seguindo essa máxima do SUS em seu compromisso com a defesa da vida na medida em que põe a prática na saúde mais próxima da realidade vivenciada na comunidade, este trabalho visa mostrar como determinadas ações advindos de estratégia ensino-aprendizado podem ser potentes interventores de uma realidade. O tema do Envelhecimento e Vida, campo de investigação no ensino visou à desconstrução de estereótipos, permitindo uma percepção mais ampla do processo de envelhecimento e a criação de uma visão integral do papel social do idoso. O estudo desta realidade é essencial para a formação médica mais humanizada e integrada com a sociedade por meio de novas percepções, compreendendo os tipos de envelhecimento. Os meios para tal desconstrução e criação de conhecimento se deram a partir da leitura e resenha de artigos, textos, filmes e, principalmente, de visitas aos campos e instituições de cuidados ao idoso, gerando experiências intergeracionais e profundas reflexões manifestadas em relatórios. Nosso grupo foi inicialmente estruturado por dinâmicas e textos, equipando-nos, teoricamente, para situações como a postura perante idosos. O embasamento estatístico da atual situação do idoso no contexto global revelou aumento da expectativa de vida graças às tecnologias médicas. Nos campos visitados houve a consolidação do contexto visto na teoria, como as condições em que os idosos se encontram nas ILPI – Instituições de Longa Permanência de Idosos. Além disso, as múltiplas facetas do envelhecimento se demonstraram quando recebemos a visita da oficina de Psicomotricidade da universidade da terceira idade –, devido à vivacidade dos integrantes, quebrando estereótipos e nos introduzindo ao envelhecimento ativo. Outro exemplo foi a visita ao grupo de prevenção de quedas, que explora exercícios que melhoram o condicionamento físico e a autonomia dos idosos. Ademais, um aspecto a ser levantado é a existência do sexo e afetos na terceira idade, que, muitas vezes, é negligenciado, mesmo sendo fundamental à vida do idoso. Tiramos como conclusão que o envelhecer é um processo natural que acomete a todos. A partir das concepções adquiridas, percebemos que cada indivíduo possui um envelhecimento singular e dependente das variáveis biopsicossociais.
Palavras-chave
Referências
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