Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM E A IMAGEM COMO FERAMENTAS NA FORMAÇÃO EM SAÚDE PARA O SUS
Adrian São Pedro, Franklin Demétrio

Resumo


Diante do atual cenário da educação superior em saúde no Brasil, marcado por um modelo focado em atender as demandas de mercado e vazio de qualquer preocupação humanística e social, movimentos sociais têm pressionado o Estado a uma reorientação do ensino superior. Em face disso, em 2009 foi implantado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o curso do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS), cujo objetivo é promover uma formação em saúde interdisciplinar, humana, inovadora e engajada a projetos socialmente transformadores. Nesse sentido, o BIS tem adotado como uma de suas ferramentas pedagógicas o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) atrelado a alguns componentes curriculares. Pelo prisma das tecnologias da educação, o AVA é uma nova ferramenta que auxilia no processo de ensino-aprendizagem e provoca um remodelamento no ambiente educacional tradicionalista de sala de aula, ampliando diálogos entre os saberes dos participantes e os referenciais teóricos multidisciplinares. Nesse contexto, o AVA pode se configurar em elemento mediador e problematizador de temáticas que são transversais à abordagem da saúde na perspectiva da qualidade de vida, promovendo uma discussão interdisciplinar e de maior “palpabilidade” argumentativa por meio do exercício crítico-reflexivo do pensamento e da práxis. O objetivo deste estudo é relatar uma experiência de construção do AVA sobre ‘ saúde na perspectiva da qualidade de vida’ no curso do BIS da UFRB e o papel da imagem nessa formação. O módulo ‘Qualidade de Vida e Sociabilidade I’ (QVSI) tem carga horária semestral de 102h e 34h EAD (AVA). Neste módulo, o desenvolvimento pedagógico do AVA preocupa-se com a (trans)formação da visão dos estudantes do BIS provocando-os a pensar a qualidade de vida em saúde-doença-cuidado a partir de uma perspectiva positiva, ampliada e crítica. Como elemento disparador das discussões tem-se empregado o uso de imagens como elemento semiológico que pode confluir para a construção de sentidos e práxis em saúde por considerar seu conteúdo permeado por códigos culturais capturados pelo fotógrafo ou pintor, o que contribui como fonte de informação tanto pelos seus significados quanto pela possibilidade de interpretação. A análise da experiência da construção do AVA durante quatro semestres letivos permitiu observar as dificuldades de se desenvolver uma nova metodologia de educação, seja na aderência à essa forma virtual de ensino-aprendizagem por parte dos estudantes ou nas possibilidades que esta ferramenta oferece à discussão sobre a saúde, qualidade de vida e suas interfaces. Tais dificuldades são relatadas democraticamente no AVA por demandar um empreendimento em leitura, pesquisa, análise e construção argumentativa consistente por parte dos estudantes. Por outro lado, esse processo tem se mostrado desafiador a eles, pois tem possibilitado aos mesmos pensar e fazer saúde guiada pelo contínuo exercício de reflexão epistemológica. Nessa experiência, ficou evidente a influência positiva do AVA no desenvolvimento acadêmico, científico, em especial no que diz respeito à maturidade argumentativa, a atemporalidade temática, reflexão crítica, senso político e abordagem focada nas próprias construções dos estudantes.

Palavras-chave


Educação e saúde; Ambiente Virtual de Aprendizagem; Imagem e Saúde; Bacharelado Interdisciplinar em Saúde