Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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REFLEXÕES COMPARTILHADAS SOBRE AS PRÁTICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: APROXIMAÇÕES ÉTICO-POLÍTICAS DO COTIDIANO DO TRABALHO DE PESQUISA
Carlos Roberto de Castro e Silva, Rosilda Mendes, Maria Fernanda Frutuoso, Kaina Rosa, Ramiz Moraes, Danilo Anhas, Maira Heise, Simone Rocha

Resumo


As metodologias participativas solicitam sempre uma análise do ponto de vista das transformações sócio históricas e de apreensão dos contextos de implantação das políticas públicas de saúde. Do ponto de vista ético-politico, “estar lá”, “testemunhar” ou “participar” terão significados distintos e alcances variáveis de avaliação da efetividade de tais politicas. Assim, a construção dos princípios SUS, como a integralidade em saúde, a humanização e a participação social, requer uma compreensão aprofundada do cotidiano e dos vínculos afetivos e sociais estabelecidos no território. Objetivo: Discutir o processo de construção de conhecimento compartilhado sobre as práticas do agente comunitário em uma região de alta vulnerabilidade da Baixada Santista, tendo a pesquisa participante como referencial. Metodologia: Na pesquisa A Potência de ação de agentes comunitários da Estratégia de saúde da família da Vila dos Pescadores do município de Cubatão, financiada pelo CNPq, realizada de 2011a 2013, desenvolvemos, além de observação participante e entrevistas, a criação de um grupo gestor (GG) da pesquisa, composto por gestores, profissionais, ACS e o representante da Organização Social responsável pelo gerenciamento de serviços no município. Foram realizadas reuniões mensais no horário de trabalho, registradas em diários de campo. Resultados:1- Os encontros do GG exigiam preparativos prévios pela equipe da universidade, estabelecendo objetivos e estratégias facilitadores de comunicação apontando a necessidade de busca de alternativas de aprendizagem voltadas aos ACS. 2- Os ACS eram participantes assíduos dos encontros diferente dos gestores e outros profissionais, indicando um processo de trabalho fragmentado e de desqualificação de seu repertorio de conhecimento. 3- Os encontros indicaram a necessidade de fortalecimento de espaços de diálogo, trocas de experiências e expectativas contribuindo para adequações politica-institucionais e legitimação da pesquisa. 4- Compreensão das percepções dos ACS ao modo de vida da comunidade, seu histórico e valores ético-morais balizando as necessidades em saúde, contribuindo para o redimensionamento de objetivos e estratégias teórico-metodológicas. Conclusão: Revelou-se a importância do processo de construção de corresponsabilidade ético-política, balizado pela valorização de vínculos de confiança, respeito e solidariedade,  entre os sujeitos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa e as possibilidades de construção de novas práticas, conhecimentos e autoconhecimento.

Palavras-chave


Estrategia de Saúde da Família; Agentes comunitários de saúde; Pesquisa participante; ético-político; trabalho em saúde

Referências


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