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MAIS MÉDICO NO BRASIL: A DELICADEZA FORMATIVA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE IPU/CEARÁ
Resumo
Introdução: Desde a implantação do SUS no Brasil, verificou-se que a carência de médicos se configurava como um dos desafios para a efetivação das políticas públicas de saúde. Desse modo, o governo federal lança o Programa Mais Médico que objetiva melhorar o atendimento aos usuários do SUS e garantir a resolutividade da assistência. Na região de saúde de Sobral a adesão dos municípios ao programa tem sido significativa e, em parceria com a 11ª CRES, estamos acompanhando a acolhida dos médicos, assim como ouvindo os usuários a cerca das impressões sobre a relação médico-paciente. Para isto, dialoga-se com os seguintes teóricos: Paulo Freire(2005), Foucault(1979), Farias(2012). Objetivo: Analisar a relação médico-paciente estabelecida a partir da inserção dos médicos do Programa Mais Médico na zona rural do município de Ipu/Ceará, no sentido de compreender os efeitos dessa relação para os usuários do SUS.Metodologia:Este estudo é qualitativo, com orientação analítico-descritiva.Utilizou-se como técnica de coleta de dados a entrevista semi-estruturada com sete pessoas residentes no sítio de Santa Rosa, zona rural do município de Ipu e as conversas informais. Ao todo, foram sete pessoas entrevistadas denominadas no estudo de marcadores do discurso da família. A interpretação dos dados seguiu o método da análise de conteúdo, aliada à pesquisa bibliográfica. Resultados: Percebeu-se que o fato de falarem línguas diferentes durante a consulta não inviabilizou o processo de escuta clínica, porém no que se refere à escrita nos receituários existem dificuldades de entendimento. Quanto ao acolhimento, os marcadores relatam que há uma atenção a fala dos pacientes, assim como a escuta é qualificada, baseada em uma relação de cuidado, diferentemente de práticas médicas restritas à doença. Além disso, revelou-se que o “olhar no olho” é uma atitude de cuidado e de promoção da saúde emocional, além de oportunizar no paciente a verbalização da sua condição de saúde física e psicológica. Este aspecto é relevante, pois possibilita quebra da relação opressor-oprimido nas práticas de saúde facilitando nos usuários a condição de “ser mais”, o que leva a formação humana de vínculos terapêuticos que libertam as pessoas das relações de saber-poder. Conclusão: Conclui-se que a relação médico-paciente instaurada a partir do Programa Mais Médico, oportuniza a quebra da relação opressor-oprimido, o que torna o fazer-saúde mais humanizado.
Palavras-chave
Programa; Mais Médico; SUS
Referências
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 2005
Mchel Foucault e a constituição do Sujeito, 1995
Farias, Adriana. Consciência , Dialogicidade e Formação Humana:Construindo saberes, 2012.