Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ANÁLISE DE CENÁRIOS DAS CONSULTAS GINECOLÓGICAS NA ATENÇÃO BÁSICA EM MUNICÍPIOS DO RS
Rafaela Roque Queiroz, Helga Gouveia, Dora Lúcia de Oliveira

Resumo


Introdução: Seguindo as diretrizes do SUS, o Ministério da Saúde vem investindo em ações que contemplem o cuidado integral às mulheres, superando a realidade que ainda não dá conta da integralidade. Propõe-se que a consulta ginecológica (CG) pode ser geradora de atenção integral à saúde das mulheres, considerando seus determinantes sociais e suas decisões com relação à sexualidadee à saúde reprodutiva. Objetivo: Analisar os cenários da CG e sua potencialidade para produzir atenção integral. Método: Estudo em profundidade das experiências de mulheres em consultas ginecológicas (CGs), realizado com grupos focais de usuárias da Atenção Básica de três municípios do Rio Grande do Sul (PortoAlegre, Sapucaia e Pinhal) selecionados após análise de indicadores por estudo epidemiológico descritivo ecológico, eles tiveram média de 7 usuárias cada um. A análise está sendo feita na perspectiva da análise temática (Minayo 2008). Resultado: Preliminarmente indica-se: ocuidado às mulheres em CGs da atenção básica não atende ao princípio da integralidade, se resumindo, frequentemente, no exame citopatológico (CP) - “você chega e senta na mesa, daí ela manda agente ir no banheiro trocar a roupa e manda a gente deitar na mesa, daí faz o exame”; nem sempre o exame clínico das mamas é feito - ”E mamas, são examinadas? – Não”;  o tempo da consulta é curto - “De cinco a dez minutos dependendo do que for”; outros aspectos da vida que extrapolam o funcionamento do aparelho reprodutor não são atendidos - ”Eles perguntam à mulher se ela está passando por algum processo de vida ou encaminhá-la para uma psicóloga? - Isso jamais acontece, eu acho”; não há um diálogo permitindo que a mulher se expresse quanto à sua sexualidade - “Vocês têm espaço para falar, durante a consulta, sobre sexualidade ou dificuldades sexuais? - Eu não. Se você não pergunta, elas não te estimulam a falar”. Conclusão: Sugere-se que vários fatores dificultam a integralidade nas CGs. Estas se concentram na coleta do CP, desconsiderando a possibilidade de haver outras necessidades de saúde. Mudanças na formação poderiam mudar este cenário, promover o reconhecimento de que a importância do encontro de usuária e profissional na CG não está apenas na aplicação de protocolos assistenciais/diagnósticos, e também, na possibilidade de criar novos modos de descobrir/atender suas necessidades, com vistas à integralidade.

Palavras-chave


Saúde da Mulher; Integralidade; Educação em Saúde

Referências


MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11ed. São Paulo:Hucitec, 2008.