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Este trabalho tem como objetivo discutir as interfaces entre a perspectiva antropológica e a Educação Popular em Saúde, no contexto da formação profissional em saúde. Para este fim, parte-se da análise de documentos e de entrevistas qualitativas realizadas com professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, acerca do ensino da disciplina de Antropologia constante nos currículos de alguns cursos da saúde. Percebe-se que os sujeitos entrevistados estabelecem diversas interfaces entre conceitos antropológicos ensinados e aprendidos e os pressupostos da Educação Popular em Saúde. Contudo, esta última não é mencionada como conteúdo nos programas de aula de Antropologia. Apesar desta lacuna, percebe-se que há uma potencial contribuição da Antropologia, a ser mais bem explorada, para com a Educação Popular em Saúde, bem como para com a reorientação da formação dos profissionais de saúde em direção à consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde. De um lado, a Educação Popular em Saúde pressupõe um movimento de aproximação e contextualização com a realidade sociocultural dos usuários dos serviços de saúde, bem como de promoção de autonomia e participação. De outro lado, a Antropologia tem como objeto principal o estudo da “alteridade”, do outro e, para tanto, tem explorado conceitos como “identidade”, “cultura” e “diversidade”. Além disso, o pensamento antropológico se utiliza da etnografia, perspectiva metodológica que envolve a observação participante e a descrição densa, em profundidade, da realidade sociocultural. Assim, percebemos que a Antropologia pode fornecer uma série de ferramentas de compreensão e leitura do mundo, as quais são úteis na prática da Educação Popular em Saúde e na formação de profissionais comprometidos com o SUS e com as necessidades de saúde da população. Dessa forma, este trabalho apresenta os resultados da pesquisa realizada, que apontam no sentido de que os pressupostos epistemológicos, teóricos e metodológicos da Antropologia podem ajudar a romper com práticas de cuidado impositivas, que desconsiderem a realidade sociocultural dos sujeitos.

Antropologia; Educação Popular em Saúde; Educação na Saúde