Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O TRABALHO COMO DISPOSITIVO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
Rafael Cardoso Chagas, Tulio Baptista Franco

Resumo


Este trabalho é parte da pesquisa que realizei para a minha dissertação a ser defendida em fevereiro do ano de 2014. Neste trabalho, pretendemos discutir a experiência profissional adquirida no cotidiano do trabalho como ferramenta de educação permanente em saúde. O trabalho em saúde é fortemente marcado pelo componente relacional e, portanto, hegemonicamente marcado pelo trabalho vivo em ato. Ao afirmarmos isso, queremos dizer que o trabalho em saúde comporta um alto grau de liberdade. O encontro entre trabalhadores e usuários produz e novos saberes que são impossíveis de serem estruturados em cursos institucionalizados de formação. Esses saberes, que são fruto dos encontros diários que o trabalho em saúde proporciona, quando sistematizados, sejam em cursos formais de educação permanente ou mesmo em mecanismos inventados pelos próprios trabalhadores no cotidiano do trabalho, tem a potência de disparar novos processos que possibilitem reinventar formas de atuação profissional que caminhem na direção de fortalecer o SUS. Objetivos: Analisar o cotidiano do trabalho como espaço privilegiado para a realização de educação permanente em saúde. Metodologia: Utilizamos, como ferramenta metodológica, narrativas das experiências profissionais de trabalhadores em saúde. Essas narrativas foram colhidas de três profissionais de serviços de saúde mental, que participaram de uma experiência de educação permanente em saúde promovida por uma secretaria municipal de saúde, através de entrevistas com roteiros semiestruturados. Ao tomarmos narrativas profissionais de trabalhadoras em saúde, buscamos apreender os saberes mobilizados por elas no seu exercício profissional e as formas como estes saberes circulam na conformação das práticas em saúde. Resultados: Ao analisarmos as narrativas destas trabalhadoras, percebemos que elas no cotidiano do trabalho inventavam diversas formas de fazer educação permanente para além das experiências organizadas pela secretaria municipal de saúde. No seu fazer cotidiano o trabalhador se forma ao mesmo tempo em que produz, ele está permanentemente se educando. Quando estes trabalhadores discutem medidas a serem adotadas em casos que os desafiam, certamente estamos falando de processos coletivos de educação permanente. Conclusão: Esta pesquisa discutiu formas possíveis de se configurar processos deformação, que tenham por objetivo transformar as práticas em saúde, quando se coloca no centro o trabalho. Rafael Cardoso Chagas.

Palavras-chave


Trabalho; Educação permanente em saúde

Referências


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