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A ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Resumo
O contexto da inserção comunitária no trabalho em saúde, particularmente no campo da Medicina de Família e Comunidade tem sido um desafio a ser enfrentado ao ser espaço possível do reconhecimento de dimensões para além da clínica de núcleo profissional. Trata-se do reconhecimento de uma dimensão ético-político e pedagógica da prática que, no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e do trabalho com comunidades em vulnerabilidade social, é revestida de grande importância. Este estudo se deu em uma comunidade periférica de Fortaleza com as características mencionadas acima, a partir da chegada da residência de Medicina de Família e Comunidade a uma unidade em que estava estruturada a ESF. Tem como objetivo sistematizar a experiência vivida por trabalhadores da saúde e atores comunitários na construção de um percurso pedagógico emancipatório. Também almeja construir junto com a comunidade um processo de ação-reflexão-ação que potencialize o trabalho em rede na perspectiva da transformação das realidades locais. Assumiu-se como referenciais teórico-metodológicos os pressupostos da Educação Popular e Saúde, Comunidade Ampliada de Pesquisa e a Sistematização de Experiências Populares. Com o desenvolvimento de um processo de inserção comunitária da equipe de saúde, foi-se delineando o grupo que iria compor a comunidade ampliada de pesquisa envolvendo profissionais de saúde, residentes e pessoas da comunidade. Este grupo, a partir de encontros sistemáticos, passou a revisitar a história de luta e resistência dos moradores, identificando potencialidades e situações-limite e planejando atos-limite. Percebeu-se a necessidade de aprofundamento temático e atuação em temas de juventude, ambiente, mobilização popular e saúde. Em reuniões subsequentes foram aprofundadas as questões propostas, fortaleceu-se o vínculo do grupo que estava formado e atuou-se na perspectiva da articulação entre os diversos movimentos do território e do fortalecimento de sua relação com o serviço de saúde. Percebeu-se a necessidade de aprofundar experiências que promovam o vínculo entre profissionais de saúde e comunidade a partir da dimensão ético-político e pedagógica do trabalho em saúde. Também reconheceu-se a necessidade do desenvolvimento da autonomia e protagonismo dos atores comunitários na luta por melhores condições de vida e os movimentos possíveis em direção à unidade de saúde como aliada.