Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A FISIOTERAPIA E ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE: UMA INTEGRALIDADE POSSÍVEL
Vyna Maria Leite, Gerlane Holanda Freitas

Resumo


Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) reorienta o modelo de atenção à saúde no Brasil. A Fisioterapia é inserida na ESF através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), ampliando a abrangência das ações da Atenção Básica, embora o fisioterapeuta ainda seja visto apenas como profissional reabilitador, limitando sua atuação na promoção à saúde. Algumas experiências no país, no entanto já possibilitam o fisioterapeuta atuar em uma equipe mínima de saúde da família. É o caso da Unidade Básica de Saúde (UBS) Nascente em Fortaleza, Ceará. O objetivo era avaliar a inserção do fisioterapeuta na equipe mínima da UBS Nascente, sob a perspectiva dos profissionais de saúde e fisioterapeutas da UBS e como eles perceberam essa inserção no cotidiano das equipes. Métodos: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que permite a compreensão de valores culturais e representações de determinados grupos. O estudo foi realizado em 2010 na UBS Nascente, onde fisioterapeutas são inseridos não em uma equipe NASF, mas trabalham na lógica da equipe mínima de saúde. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e construção do corpus de análise pelas transcrições dos relatos verbais obtidos das entrevistas. Foram entrevistados dois enfermeiros, um médico, três agentes comunitários de saúde e dois fisioterapeutas que trabalhavam em alguma das cinco equipes de saúde da família. Optou-se pela categorização, onde falas foram organizadas e classificadas por suas ideias principais e agrupados de acordo com a proximidade do conteúdo. Resultados: Após a análise de conteúdo emergiram cinco categorias que descrevem a percepção dos profissionais sobre a inserção da Fisioterapia na equipe mínima de saúde. São elas: Percepção sobre a inserção do profissional da Fisioterapia no SUS; Percepções sobre o trabalho do fisioterapeuta dentro da equipe mínima; Identificação das vantagens deste profissional em uma equipe mínima; Identificação das desvantagens e dificuldades desta atuação na equipe mínima. Percepção sobre relação e vínculo entre profissional das equipes, fisioterapeuta e pacientes. Conclusão: A participação do fisioterapeuta na ESF é condição fundamental para a concretização de uma assistência à saúde integral, ao contrário do modelo fragmentado e baseado na exclusão social. Percebe-se que a atuação deste profissional deixa seu lócus tradicional do ambulatório e hospital para privilegiar a promoção da saúde.

Palavras-chave


fisioterapia, atenção básica, NASF

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