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ATUAÇÃO DO PET-SAÚDE EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMILIA DA ZONA RURAL DE VITÓRIA DA CONQUISTA-BA: UMA EXPERIÊNCIA DE RESIGNIFICAÇÃO DO CUIDADO
Resumo
O processo de construção do SUS, fundamentado em ideais democráticos da saúde enquanto direito de todos, caracterizou-o como um sistema que trabalha com diretrizes, conceitos e propostas de práticas que são contra-hegemônicos na sociedade. Logo, sua consolidação como um sistema de saúde usuário-centrado implica a superação de conceitos e de práticas sociais há muito predominantes. Área crítica nesse processo é a formação dos profissionais de saúde, ainda distante das necessidades do SUS. Na tentativa de reorientar a formação superior o Ministério da Saúde vem criando dispositivos que integrem o processo de ensino-aprendizagem à rede de serviço, dentre os quais está o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde. Experiência exitosa deste Programa vem acontecendo em uma Unidade de Saúde da Família – USF – da zona rural de Vitória da Conquista, interior da Bahia, onde há um grupo PET composto por treze discentes dos cursos de enfermagem, farmácia, medicina, nutrição e psicologia desenvolvendo suas atividades sob orientação de uma tutora, docente da Universidade Federal da Bahia, e cinco preceptores, profissionais de nível superior da USF e do Núcleo de Apoio á Saúde da Família – NASF. Os estudantes participam de visitas domiciliares, reuniões da equipe, reuniões do Conselho Local de Saúde e atividades de promoção e prevenção da saúde que tem provocado importantes resignificações na produção do cuidado. A partir do diálogo entre os integrantes do PET, Agentes Comunitários de Saúde e usuários do serviço, tem sido realizadas ações para produção de materiais educativos em saúde que atendem também ao público não letrado; inserção e valorização da cultura local no planejamento de atividades; e parcerias intersetoriais para atender grupos de difícil acesso. Como resultado tem-se percebido efetiva participação e envolvimento da comunidade nas atividades desenvolvidas. Quanto aos profissionais de saúde, inseridos em um processo de Educação Permanente, colocam o cotidiano do trabalho em análise e repensam suas práticas. Para os estudantes as vivências no PET-Saúde propiciam um espaço onde é possível dialogar a complexidade do trabalho vivo com as aproximações discursivas produzidas em sala de aula. Assim, mesmo em face de importantes contribuições do PET-Saúde para a atenção básica torna-se necessário refletir quanto a sustentabilidade dessas ações, e a necessidade de estruturação dos serviços para que o SUS seja efetivamente uma escola.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem - análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. / Brasil. Ministério da Saúde. – 2.ed. rev. – Rio de Janeiro : Brasil. Ministério da Saúde/FIOCRUZ, 2008. CAMPOS, F.E.; FERREIRAS, J.R.; FEUWERKER, L.; SENA, R.R.; CAMPOS, J,J,B.; CORDEIRO, H.; JUNIOR, L.C. Caminhos para aproximar a formação de profissionais de saúde das necessidades da atenção básica. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v .24, nº 3, out./dez. 2000 CECCIM, R. B. Formação e desenvolvimento na área da saúde: observação para a política de recursos humanos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Observatório de recursos humanos em saúde no Brasil: estudos e análises. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002, p. 373-414. CECCIM RB, FEUERWERKER LCM. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2004, 14(1):41-65.