Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
Carmem Cemires Cavalcante Costa, Simara Salgado de Queiroz Sousa

Resumo


Com a criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi concretizada a inclusão do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde (APS), visando ampliar a resolutividade e aumentar a potencialidade da Estratégia Saúde da Família na rede de serviços. Nesse contexto, o presente estudo buscou analisar a atuação do fisioterapeuta no NASF do ponto de vista da formação e do processo de trabalho. Tratou-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa, realizada de janeiro de 2012 a abril de 2013, tendo como cenário o município de Fortaleza que, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), em dezembro de 2011, possuía 26 Equipes de NASF (EqNASF), com um total de 50 fisioterapeutas. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário autoaplicável, cujos dados foram tratados por meio da análise estatística descritiva das variáveis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará. O questionário foi respondido por 44 fisioterapeutas, havendo predomínio do sexo feminino (77%) e da faixa etária entre 20 e 30 anos (73%). A maioria (98%) graduou-se em instituição de ensino superior particular, sendo que 84% se formaram há menos de 10 anos. Cerca de 86% informou ter tido aulas teórico-práticas sobre APS na graduação, embora pouco mais da metade (57%) afirmou não ter adquirido nesse período competências necessárias para atuar nesse campo. Um total de 77% possuem outro emprego, onde auferem (66%) uma maior remuneração, embora 60% afirmaram preferir suas atividades no NASF, citando a questão financeira como motivo para permanência em mais de um emprego. Cerca de 77% atuam no NASF de 3 a 5 anos, tendo ingressado por indicação (41%). Todos são celetistas, possuindo uma renda bruta de 1 a 2 salários mínimos para 20 horas semanais. Segundo os entrevistados, a maior dificuldade enfrentada no início do trabalho no NASF foi o pouco ou mau entendimento da proposta pela gestão e comunidade. Já a maior potencialidade apontada foi o trabalho multidisciplinar em equipe. É fato que o fisioterapeuta não atua ainda dentro do que é proposto na APS, até por ainda ser somente reconhecido como reabilitador, o que restringe sua atuação. A inclusão da categoria no NASF possibilitou a ampliação do olhar sobre este profissional. Acredita-se que a Fisioterapia conseguirá se integrar de fato na APS e contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que serão determinantes para a saúde da população.

Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Núcleo de Apoio à Saúde da Família; Fisioterapia

Referências


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