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Na organização do processo de trabalho da Enfermagem no contexto da ESF, um dos aspectos a ser trabalhado refere-se à construção da agenda de trabalho. O Ministério da Saúde solicita o cumprimento de ações programáticas, tais como as relacionadas à saúde materno-infantil, saúde sexual e reprodutiva e acompanhamento de usuários com doenças crônicas não transmissíveis. Todavia, o saber-fazer-ser da Enfermagem na ESF vai além dessas ações e deve estar em consonância com as necessidades do território. Visando contribuir com reflexões para qualificação da agenda de trabalho dos enfermeiros de família, objetiva-se com esse relato partilhar a experiência vivenciada por uma enfermeira que foi residente em ESF e comunidade, sobre a construção de sua agenda de trabalho. Durante a realização da territorialização e do planejamento estratégico participativo, foi possível fazer levantamento das necessidades de saúde da população, identificar equipamentos sociais existentes no território e evidenciar outros problemas, como os relacionados à saúde ambiental, às questões de violência e ao processo de organização comunitária e do serviço. Após a delimitação da área de abrangência que seria de responsabilidade sanitária da dupla de residentes da Enfermagem e da Odontologia, foram realizadas reuniões periódica com as agentes comunitárias de saúde para se definir prioridades, calcular o número de turnos necessários para cada tipo de atendimento, mapear locais que poderiam ser pontos de apoio comunitário e organizar as visitas domiciliares. Esses encontros também permitiram que a agenda fosse sendo modificada no decorrer dos meses, sendo partilhada a inclusão de outros arranjos que a priori não estavam sendo contemplados, tais como: saúde do adolescente, acompanhamento de saúde mental, saúde da mulher no climatério/ menopausa, atendimentos e visitas domiciliares conjuntas da Enfermagem com a Odontologia, discussão de casos e atendimentos com integrantes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), organização de grupos, realização de salas de espera, etc. Apesar de requerer mas energia, reconhece-se a importância substancial dessas modificações na agenda, reflexo de um processo de territorialização contínuo que expressa a vivacidade do território, do exercício de uma clínica ampliada pautada na integralidade, além do compromisso ético com indivíduos, famílias e coletividades acompanhadas.

Saúde da Família; Enfermagem; Processo de Trabalho