Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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VULNERABILIDADE À VIOLÊNCIA NO TERRITÓRIO E ACESSO SEGURO À SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA CAP 3.2
Silvana dos Santos Barreto, Edson Borga, Rosani Salles de Jesus, Carolina Cardoso Manso, Patricia Costa, Ricardo Laino, Hervé Le Guillouzic

Resumo


Na Estratégia Saúde da Família (ESF) há um contato maior das equipes com as questões de vulnerabilidade social do território, que inclui, nos grandes centros urbanos, a violência armada. Muitas vezes o acesso da população à saúde é dificultado, devido à diminuição da procura e da prestação de serviços por causa da (in)segurança. Este relato tem por objetivo apresentar a experiência de unidades da CAP 3.2, que foram treinadas a partir da metodologia Acesso mais seguro à saúde, desenvolvida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e adaptada à realidade da ESF através de  parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. De 2012 a 2013 foram realizadas 5 oficinas com representantes de 6 unidades da ESF, totalizando 27 equipes responsáveis por uma área com cerca de 94.000 moradores. Os objetivos foram: analisar o contexto, discutir os riscos da vulnerabilidade à violência armada e estabelecer um Plano de Ação para o Acesso Mais Seguro focado na realidade de cada área. A metodologia foi participativa, baseada na experiência prática e nas estratégias de adaptação das equipes, sistematizando procedimentos de segurança, através da definição de comportamentos seguros e da comunicação entre as equipes e destas com o território. Como produto da oficina cada unidade elaborou um plano de ação adequado a sua realidade, que utiliza um sistema de classificação de risco de três cores: verde (podem ser realizadas ações no território); amarelo (ações no território são suspensas); vermelho (fechamento da unidade). De acordo com as unidades participantes, o plano de ação contribuiu para o acesso à saúde, pois: possibilitou analisar previamente o cenário evitando exposições desnecessárias dos profissionais às situações de conflito; melhorou a comunicação interna e o processo de tomada de decisão; os profissionais estão mais atentos aos sinais do território sabendo identificar aqueles que indicam risco; possibilitou planejar as ações de acordo com a classificação de risco; sentem-se mais seguros para realizar as ações no território. Conclui-se que o plano de ação para o acesso mais seguro contribuiu para integração das equipes, organização do processo de trabalho e da comunicação entre os membros da equipe, bem como maior segurança durante a realização de ações no território. A estratégia de Acesso Mais Seguro têm um impacto na melhoria do acesso à saúde nas áreas urbanas vulneráveis à violência armada e poderia ser adaptado a todas as unidades da ESF em situação de risco.

Palavras-chave


estratégia saúde da família, violência urbana, acesso à saúde