Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
ACESSO E UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE PELOS CIGANOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR: RESULTADOS PRELIMINARES
Ana Cláudia Conceição da Silva, João Batista Matos Neto Junior, Thamara Miranda Barbosa dos Santos, Mariluce Karla Bonfim de Souza, Rodrigo Veiga de Jesus Lima, Bruno Gil de Carvalho Lima

Resumo


Introdução: A etnia cigana possui valores e costumes singulares, história marcada pela exclusão, intolerância, injustiças e preconceitos. Representa uma minoria étnica, cujo nomadismo e estigma criado pelos demais dificultam o acesso, a utilização, e a implementação de serviços de saúde. A escassez de ações específicas para atender às particularidades no Sistema Único de Saúde (SUS) contribui para a pouca utilização, e exclusão do direito à saúde. Fatores socioeconômicos, culturais e geográficos devem ser considerados. Nessa perspectiva, os serviços devem considerar a equidade, para garantia do direito à saúde, na tentativa de superar as desigualdades. Nesse contexto, buscou-se elaborar um Projeto de Doutorado acerca das condições de saúde da população cigana na Bahia, Brasil. Objetivo: Descrever as características relacionadas a acesso e utilização de serviços de saúde pela população cigana na Região Metropolitana de Salvador-RMS, Bahia. Metodologia: Trata-se de um estudo multicêntrico, seccional realizado em quinze municípios da Bahia. Para o presente recorte, incluídos quatro da Região Metropolitana de Salvador-RMS (Camaçari, Dias d´Ávila, Lauro de Freitas, Candeias). Após definição do plano amostral, identificou-se uma amostra de 461 indivíduos, idade ≥ 12 anos, pertencentes à população cigana. Amostra estratificada da RMS, 222 ciganos. Foi utilizado um questionário composto por blocos de questões: sociodemográficas, ocupacionais, hábitos de vida, acesso e utilização de serviços de saúde, saúde mental. Estimadas frequências absolutas e relativas, e prevalência. A análise e processamento dos dados foram realizados mediante o Statistical Package for the Social Sciences – SPSS. Resultados: Estudou-se 191 ciganos, taxa-resposta 86,0%.  População: sexo feminino (58,1%), casados (67,5%), não nômades (96,9%), casas de bloco (75,9%), trabalham (68,6%), “atendimento há + de 1 ano” (35,1%), atendimento posto de saúde (33,5%), diagnóstico/tratamento (73,8%), serviço SUS (49,7%), internamento (14,1%), lista de espera (5,8%), falta de atendimento (78,0%). Conclusão: Sugere-se que o mínimo acesso aos serviços de saúde pela população cigana decorra em maior proporção da escassez de políticas públicas que os amparem, por não se levar em consideração suas particularidades culturais e hábitos de vida, tornando-os vulneráveis e excluídos do direito à saúde. Ressalta-se a importância do diagnóstico situacional em saúde.

Palavras-chave


Ciganos; Utilização dos serviços de saúde; Acesso aos serviços de saúde; Grupos étnicos.

Referências


ALMEIDA, M. G. de. et al. Saúde de povos ciganos no Brasil: uma revisão integrativa. ConvibraSaúde.www.saúde.convibra.com.br.

ASSIS, M. M. A; JESUS, W. L. A. de.  Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise.Ciência & Saúde Coletiva, 17(11):2865-2875, 2012.

BONOMO, M.; S, L. de; B, J. A.; L, A. M. do & Canal, F. D.Gadjés em tendas Calons: um estudo exploratório com grupos ciganos semi-nômades em território capixaba.Pesquisas e Práticas Psicossociais 4(2), São João del-Rei, Jul. 2010.

GIOVANELA, L. et al. Políticas e sistema de saúde no Brasil. Editora FIOCRUZ . Cap. 6. Determinantes e desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde. TRAVASSOS, C; CASTRO, S. M. de. Pg 215-243.

REDE EUROPÉIA ANTI-POBREZA/Portugal (REAP). As comunidades ciganas e a saúde: um primeiro retrato nacional. Fundação Secretariado Gitano. Madrid, 2009.

SOUZA, L. et al. Processos identitários entre ciganos: da exclusão a uma cultura de liberdade. Liber. v.15 n.1 Lima ene./jun. 2009.

SOUZA, R. R. Políticas e Práticas de Saúde e Equidade.RevEscEnferm USP 2007; 41(Esp):765-70.

TRAVASSOS, C.; MARTINS, M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20 Sup2:S190-S198, 2004.