Tamanho da fonte: 

O matriciamento consiste em uma forma de atendimento às pessoas com sofrimento psíquico na atenção básica em saúde. O apoio matricial, segundo o Ministério da Saúde (2011), é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais Equipes de Saúde da Família, em um processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. Sendo, portanto, uma construção de momentos relacionais, em que se estabelecem trocas de saberes entre os profissionais. O matriciamento desmistifica a errônea ideia do atendimento a saúde mental como “cuidado restrito aos loucos” e do apoio matricial como “encaminhamento ao especialista”. Antes da Reforma Psiquiátrica, os sistemas de saúde se organizavam de uma forma vertical (hierárquica), com uma diferença de autoridade entre quem encaminha um caso e quem o recebe, havendo uma transferência de responsabilidade ao encaminhar. Com essa proposta integradora, os efeitos burocráticos e pouco dinâmicos dessa lógica tradicional podem vir a ser atenuados por ações horizontais que integrem os componentes e seus saberes nos diferentes níveis assistenciais, de forma a promover a interdisciplinaridade, o intercâmbio de saberes entre os serviços especializados em saúde mental e os de atenção básica, reestruturando, assim, o sistema de saúde em: equipe de referência e equipe de apoio matricial. Com isso, o apoio matricial serve como facilitador na resolução das situações de saúde mental advindas da atenção primária, uma vez que muitos usuários não precisam chegar ao espaço de serviços especializados. No entanto, de acordo com estudos relacionados à temática e com a realidade vivenciada em uma Unidade de Atenção Primária em Saúde de Fortaleza, através do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) da Universidade Estadual do Ceará, pôde-se identificar dificuldades diversas referentes ao apoio matricial. Partindo destas considerações, baseando-se em pesquisas bibliográficas e em alguns dados empíricos, o presente trabalho teve como objetivo a discussão de tais problemáticas, dentre estas, destacam-se a efetivação do matriciamento nas unidades de saúde e o déficit de capacitação dos profissionais para a realização dos atendimentos e possíveis intervenções, o que leva muitas vezes à sobrecarga dos Centros de Atenção Psicossociais devido aos encaminhamentos precipitados.

matriciamento; atenção básica; saúde mental