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O artigo analisa a relevância da temática da Cultura no processo de formação dos agentes comunitários de saúde que atuam nas comunidades quilombolas.  Através da concepção ampla do conceito de Cultura como modo de ser, pensar, agir e sentir adotado, constituído e transformado pelos seres humanos - de formas diversas, distintas e conflituosas - ao longo da história da humanidade, busca-se compreender como a percepção desse modo de ser está presente e pode contribuir no trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS). Segundo PAIM (1986) a saúde é produto e resulta de condições objetivas de existência em diversas dimensões (biológica, social e cultural), particularmente das relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza. A partir dessa concepção coloca-se em relevo o conceito de trabalho, entendido como constituinte do ser social, para se compreender como as relações que os seres humanos estabelecem entre si e a natureza geram modos de ser, geram práticas e leituras de mundo que interferem no modo de produzir a saúde. O ACS é considerado aquele que é capaz de estabelecer o elo entre as necessidades sentidas no território e a organização do sistema de saúde; seu trabalho de promoção e prevenção da saúde pressupõe importante processo de mobilização e organização social, daí a relevância de conhecer e de potencializar sua capacidade de se apropriar do modo de ser, pensar, agir e sentir da comunidade, para que possa propor intervenções nos fatores determinantes e condicionantes das necessidades da comunidade. Dessa forma, dada à centralidade do papel educativo que o ACS desenvolve, pretende-se: a) mapear as experiências e identificar as especificidades do trabalho do ACS nas comunidades quilombolas; b) analisar como e se esses trabalhadores apropriam-se da cultura dessas comunidades; d) quais são as questões que emergem nas experiências e; a partir dessa análise: e) levantar e analisar quais são as questões e desafios colocados para a formação dos ACS que atuam nessas comunidades. O artigo se desenvolve através de levantamento bibliográfico de relatos de experiências apresentadas em congressos, artigos, oficinas de capacitação, textos e sítios virtuais do Ministério da Saúde.