Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA EM UM GRUPO DE EXTENSÃO COM GAROTAS DE PROGRAMA
Pâmela Campêlo Paiva, Fátima Luna Pinheiro Landim, Priscila França de Araujo, Olga Brito Barbosa Feliciano, Thalita Soares Rimes, Eva Marques Falcao dos Santos

Resumo


A prostituição é considerada uma das profissões mais antigas do mundo. De uma forma geral, a sociedade ainda apresenta preconceito referente aos profissionais do sexo e o contexto no qual ela vive, sem procurar conhecer as causas que levam a essa escolha. No mundo das drogas, principalmente quando se trata da população feminina, a literatura aponta que em geral as mulheres tendem a valer-se do corpo como moeda de troca. A associação da venda do corpo pela droga com o risco de contrair AIDS se dá pela revelação de que, geralmente, este tipo de transação ocorre sem adoção de medidas de sexo seguro, seja pelo efeito da droga no organismo, pela falta de acesso ao preservativo ou, ainda, pela dificuldade de incorporação dessa informação no comportamento sexual de um modo geral. Esta situação evidencia a influência de construções sociais e culturais em relação à sexualidade e à repressão sexual que permeia a educação das mulheres em nossa sociedade. Identifica-se que a relação entre drogas e prostituição não é um fenômeno recente, porém estudos realizados mostram que não é o uso de drogas que leva à prostituição, mas, uma vez iniciada esta prática, as mulheres procuram na droga um suporte, desencadeando um ciclo vicioso, onde uma situação concorre para a manutenção da outra. Nesse contexto, vivenciei a experiência como bolsista do PET saúde através do grupo de extensão com garotas de programa, onde a iniciativa do grupo era de “levar saúde” as profissionais do sexo, através de estratégias educativas, vacinação, realização de teste rápido para hepatite C, marcação de consultas ginecológica, distribuição de preservativo e lubrificantes, dentre outros. Diante dessa vivencias me aproximei dessas mulheres e ao adentrar na realidade delas percebi que uma parcela considerável eram usuárias de drogas. Durante as conversas algumas relatavam que eram usuárias, outras não se sentiam tão seguras para conversar e mudavam de assunto quando a pauta eram as drogas, porém a fisionomia das mesmas eram sugestivas: lábios e dedos queimados, arcada dentária deteriorada, irritabilidade e agitação. Dessa forma percebe-se a importância de se trabalhar a problemática dando voz a essas mulheres, buscando identificar através de relatos se existe vulnerabilidade das garotas de programa as drogas. Diante do exposto consideramos que se faz necessário produzir subsídios teóricos que fundamentem a elaboração de estratégias de redução de danos, prevenção de agravos e doenças no público em estudo.

Palavras-chave


Prostituição; Drogadição

Referências


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