Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES GRUPAIS NOS SERVIÇOS DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Maria Valquíria Nogueira do Nascimento, Isabel Fernandes de Oliveira

Resumo


No cotidiano dos serviços de saúde, ainda que o modo hegemônico de produção de cuidado negligencie o princípio da integralidade e da humanização, evidenciam-se práticas contra-hegemônicas que tendem a dialogar com os aspectos históricos e sociais, com as vivências subjetivas e os saberes culturais dos sujeitos que demandam atenção em saúde. Recentemente, assiste-se a um crescimento das Práticas Integrativas e Complementares, no âmbito do Sistema Único de Saúde, com vistas a estimular a corresponsabilidade na busca por novas alternativas para o enfrentamento dos problemas de saúde, e, ao mesmo tempo, garantir a integralidade da atenção, com ênfase na prevenção de agravos e a promoção e recuperação da saúde, na atenção básica. Nesse sentido, o trabalho ora proposto objetiva apresentar um mapeamento das práticas integrativas grupais, nos serviços da atenção básica de um município do RN, na perspectiva de caracterizar quem são, onde estão e o que fazem os profissionais de saúde que desenvolvem as referidas práticas. As informações foram coletadas por meio do Cadastro de Estabelecimentos em Saúde (CNES), a partir de diagnóstico situacional das ações e serviços em PICs, realizado pela Secretaria municipal, entre os anos de 2011 e 2012 e, ainda, mediante visitas às Unidades Básicas e Unidades de Saúde da Família. Dos 37 estabelecimentos de saúde contatados, 19 desenvolvem as seguintes práticas integrativas grupais: atividades físicas, grupos de idosos, grupos de gestantes, rodas de conversa, artesanato, terapia comunitária, pintura em tecido, teatro, tenda do conto, danças circulares, biodança e programa crescimento e desenvolvimento coletivo. Dentre os profissionais de saúde, identificou-se que 57 desenvolvem PICs grupais, dentre eles: enfermeiros, agentes comunitários de saúde, médicos, educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, auxiliares de enfermagem, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e farmacêuticos. As práticas integrativas grupais estimulam uma relação dialógica que tomam como ponto de partida a globalidade dos sujeitos e das ações e contribuem para a atuação de profissionais comprometidos não somente com as mudanças de atitudes e comportamentos, mas, principalmente, pelo engajamento e compromisso com posturas acolhedoras e de construção da autonomia das pessoas e dos grupos sociais. Por fim, acenam como possibilidade de rompimento com o modelo biomédico e avançam na produção de novos saberes e práticas de saúde.

Palavras-chave


Práticas Integrativas e Complementares; práticas grupais; atenção básica

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