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CARTOGRAFANDO A REDE DE CUIDADO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE MACAÉ/RJ
Resumo
O Brasil é o 7º país onde mais se matam mulheres no mundo (Dossiê Mulher 2013 do ISP-RJ). Em 2012, no estado do Rio de Janeiro foram 295 homicídios dolosos contra a mulher. Este dado evidencia a relevância e a necessidade de se questionar as causas e os impactos do tema na sociedade. Nota-se que as mortes por causas externas apresentam relação com diversos tipos de violência, entre as quais se destacam as violências doméstica, sexual e física. Dessa forma, para conhecer esta realidade no município de Macaé/RJ realizamos um processo de reconhecimento desta situação bem como o traçado da rede de atenção às mulheres vítimas de violências. A base do nosso trabalho foi um projeto de PET- Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde. Organizamos uma equipe composta por graduandos de enfermagem e medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - campus Macaé, além de preceptores (profissionais de saúde) que circulam pela rede de cuidado em saúde do município. Foram visitados os seguintes cenários: o Comitê de Mortalidade Materna e Infantil, a DIAD (Divisão de Informação e Análise de Dados), a Vigilância Epidemiológica e o Núcleo de Atendimento às mulheres vítimas de violência sexual do Hospital Público Municipal, a Estratégia de Saúde da Família Barra-Brasília, o Centro de Referência da Mulher e o Centro de Referência do Adolescente. Nessas visitas constatou-se que há uma dificuldade em discernir o que é a notificação de violência e a ocorrência policial, principalmente por parte dos profissionais de saúde, gerando uma subnotificação que dificulta a promoção de políticas publicas voltadas ao tema. Observou-se ainda que se configura de uma rede frágil, em construção, com intercomunicação precária e sem referência contra referência nos processos de cuidado. A experiência do PET possibilitou aos seus integrantes um olhar diferenciado acerca do tema, de modo a repensar a clínica de sinais e sintomas, sensibilizando e alertando os profissionais de saúde para questões mais subjetivas. Recomenda-se uma consolidação maior dos dispositivos de cuidado as mulheres vítimas de violências no município e um processo de educação permanente que trabalhe essas questões com os profissionais de saúde, principalmente a importância da notificação e do acompanhamento dessas mulheres.
Palavras-chave
mulhres;violências;cuidado em saúde