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Um dos temas que vem repercutindo de algum modo no cenário midiático e político brasileiro diz respeito às políticas para o tratamento de pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas. A parcela da população que tem sido mais afetada nesses debates é a que vive em situação de rua. Neste momento conseguimos identificar dois grandes movimentos: um que se posiciona a favor de uma política proibicionista, com duras penas judiciais para usuários de drogas, a favor da internação compulsória e do financiamento público de comunidades terapêuticas; o outro movimento reivindica uma política anti-proibicionista, que descriminalize o usuário de drogas, que tenha a estratégia de redução de danos e a ampliação da rede de serviços – como os Centros de Atenção Psicossocial, os Consultórios na Rua, as Casas de Acolhimento, e outros – do Sistema Único de Saúde para atender às demandas dos usuários de drogas. As análises até o presente momento tem ido a direção de pautar o CnR enquanto uma possibilidade da prática de uma clínica menor (DELEUZE; GUATTARI, 1977; GALLO, 2002) e da produção de encontros intercessores (DELEUZE, 1988). A partir do olhar cartográfico na pesquisa de campo, identificamos diferentes estratégias de resistência às políticas de cunho higienista (como a internação compulsória, por exemplo), e ao estado de exceção potencializado pela vinda dos mega-eventos esportivos (AGAMBEM, 2004). Também pontuamos para a produção de novos Blade Runner’s (MERHY, 2012) e de novos anormais (FOUCAULT, 2001) a partir dos discursos proferidos por políticos, jornais e pessoas que moram ou trabalham próximas de locais de concentração de moradores de rua. Por fim, notamos uma coexistência entre os poderes soberano, disciplinar e biopolítico (FOUCAULT, 2000) a partir da identificação de algumas práticas de governo na contemporaneidade.

Consultório na Rua; Clínica Menor; Encontro Intercessor