Resumo
Um Estado da região sudeste do Brasil instituiu em 2004, o Programa de Educação Permanente (PEP) para médicos de Saúde da Família, em parceria com faculdades de medicina e a prefeitura da capital do Estado investigado. O presente trabalho visou apreender as imagens, ideias e percepções dos supervisores do PEP e gestores das Gerências Regionais de Saúde em relação às implicações e produtos do PEP. Foram realizadas 22 entrevistas com esses sujeitos. A partir da técnica de análise de conteúdo apreendeu-se que as implicações do PEP se relacionam aos produtos gerados a partir dele, como a elaboração de protocolos assistenciais e o número desses protocolos implantados; a realização de seminários; a apresentação de trabalhos em congressos sobre as intervenções realizadas em serviço e a percepção sobre as mudanças relativas à consulta clínica do médico. Um supervisor citou que um gestor de município relatou mudanças na realidade de sua população. De acordo com alguns sujeitos da pesquisa, o reflexo desses produtos é a melhor sistematização das atividades desenvolvidas no Ciclo de Aperfeiçoamento de Prática Profissional (CAPP), pilar da ação educacional do PEP, pois caracteriza-se como espaço permanente de discussão e proposição crítica da prática, a partir da análise das consultas, eventos, prontuários, dos mecanismos de auditoria clínica e operacional; da discussão de casos clínicos e de protocolos. Foram citados alguns exemplos desses produtos como a criação de uma planilha de Excel, por uma das médicas participantes, na qual o risco de pacientes com doenças crônicas é calculado automaticamente com a inserção de informações clínicas e laboratoriais desses pacientes. Esta planilha está sendo utilizada por outros médicos da saúde da família. Outro exemplo, foi a elaboração de uma linha guia para atendimento a pacientes com leishmaniose tegumentar ou visceral, para responder à demanda da região, onde havia muitos casos. Existe a proposição de critérios a serem considerados na avaliação dos produtos originários do PEP, como o número de protocolos implantados e a verificação da percepção quanto à mudança na forma de atendimento da consulta clínica do médico. Na visão de alguns supervisores, esse cenário de identificação e avaliação de produtos do PEP torna-se essencial diante de situações de profissionais que participam dos CAPP, dominam o uso de ferramentas da gestão clínica, mas não aplicam porque entendem que isso irá aumentar o seu trabalho.