Tamanho da fonte: 

A Saúde da Família assume o compromisso de desenvolver ações setoriais e intersetoriais com impacto nos determinantes e condicionantes de saúde de indivíduos e coletividades, além de assumir a longitudinalidade do cuidado, a gestão do cuidado integral e o fomento à participação dos usuários. Em estudo realizado no contexto da Saúde da Família de um município da região serrana cearense, utilizou-se como referencial teórico-metodológico a pesquisa-ação. Objetiva-se partilhar as etapas do plano de ação elaborado a partir de problemáticas identificadas no território, por meio da observação participante e do registro no diário de itinerância, tais como: inexistência de ações coletivas de educação em saúde; serviço médico-centrado e; falta de planejamento de equipe. Tem-se a seguir as etapas do plano de ação: 1 Territorialização e mapeamento dos equipamentos sociais existentes no território; 2 Realização de ações coletivas de educação em saúde numa escola, abordando temas como sexualidade e prevenção do uso de drogas; 3 Atualização de cartões vacinais de adolescentes; 4 Realização de roda de conversa com hipertensos, diabéticos e seus familiares extramuros; 5 Publicação em uma revista local de texto educativo sobre "Prevenção da pressão alta" e; 6 Realização de oficinas de construção compartilhada do conhecimento com 24 agentes comunitários de saúde do município, norteando-se pelo referencial da Educação Popular e Saúde (EPS). O processo de territorialização, a articulação de ações intersetoriais, as iniciativas de prevenção e promoção da saúde, a proposição de espaços dialógicos entre trabalhadores e usuários acometidos por doenças crônicas, a utilização de meios de comunicação locais como ferramentas educativas e a concretização da proposta de um processo formativo alicerçado no referencial da EPS, foram alguns resultados alcançados com a execução desse plano de ação. É necessário minimizar as discrepâncias entre teoria e prática, convidando os sujeitos envolvidos no contexto da Saúde da Família a experimentar novas formas de produção de cuidados, pautando-se na melhoria da qualidade de vida, no estabelecimento de comunicações efetivas, na superação da medicalização social e na afirmação da saúde enquanto direito social efetivado. Repensar o processo de trabalho e desvelar pontos nevrálgicos existentes no cotidiano é um primeiro passo para a mudança, e a escolha da pesquisa-ação como referencial teórico-metodológico contribuiu diretamente com tal propósito.

Saúde da Família; Processo de Trabalho; Produção de cuidados