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Esse trabalho tem como objetivo apresentar o conhecimento adquirido no Consultório de Rua pelos alunos de graduação da UFF vinculados ao PET-Redes “crack, álcool e outras drogas”. A partir da experiência adquirida nesse serviço, observa-se que o Consultório de Rua visa substituir uma dinâmica assistencial pautada na hegemonia do modelo médico, saindo da lógica da demanda espontânea e da abordagem única da abstinência. Através da perspectiva da Redução de Danos, procura-se ofertar cuidados de saúde tanto àqueles que apresentam algum pedido, quanto aos que nada solicitam. Nota-se que os atendimentos e acompanhamentos da equipe direcionam-se em sua maioria a gestantes, usuários de álcool e outras drogas, portadores de transtornos mentais e pessoas com agravos em saúde. Além disso, os pedidos de abrigamento, de alimentação, de emprego, de retirada de segunda via de documentos, de retorno para a cidade de origem são os mais presenciados pela equipe, como também os que são alvo do maior número de críticas e de insatisfação dessa população. Entretanto, a equipe do PET no Consultório de Rua, constituída atualmente por bolsistas dos cursos de enfermagem e odontologia, vem colocando algumas questões. A estudante de odontologia observa a falta de demanda de tratamento odontológico da população de rua, muito provavelmente pelo fato de outros pedidos se sobressairem como demandas mais urgentes. Desta observação nos ocorre a possibilidade de encaminhamento e de acompanhamento dessas pessoas aos serviços odontológicos, mas também a possibilidade de estabelecer conversas de esclarecimentos sobre saúde bucal. Nesse ínterim, a dimensão social é inserida naquilo que tecnicamente se coloca como uma questão de saúde. Assim também, a estudante de enfermagem se dá conta da falta de materiais relativos ao seu trabalho técnico. Ora, se não nos esquecermos de que as carências dos serviços já são velhas conhecidas, resta-nos a ação de contornar os obstáculos e realizar a atividade de construção de vínculo e acompanhamento do usuário a fim de que ele obtenha o justo atendimento. Novamente, como na situação de formação anterior, trata-se de trazer à questão técnica aquilo que entendemos ser o social, ou seja, o vínculo capaz de fazer o sistema avançar, apesar de seus percalços. Portanto, a inclusão dos alunos do PET nesse serviço de saúde, tem possibilitado novos questionamentos sobre o papel de cada profissional nesse trabalho, assim como auxiliado os bolsistas a vivenciarem o contexto social embutido nas demandas de tratamento.

população em situação de rua; acesso; formação