Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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O FAZER-SE DAS AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Anna Violeta R. Durâo, Clarissa Alves Fernandes de Menezes

Resumo


Esse artigo analisa a institucionalização do trabalho das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) no município do Rio de Janeiro, buscando avaliar como uma perspectiva de gênero presente na política de qualificação dessas trabalhadoras vem afetando a constituição da sua profissão. Optou-se por colocar em relevo no decorrer do texto, como o próprio título indica o fazer-se das agentes durante a sua trajetória de trabalho como forma de dar voz a essas mulheres que participaram ativamente na implantação do Programa de Saúde da Família no município e que atualmente vem tendo o seu trabalho modificado. O “fazer-se” foi um termo utilizado pelo historiador britânico Edward Palmer Thompson para destacar o processo de constituição da classe operária inglesa no século XVII. Buscava recuperar em suas análises as experiências históricas construídas por homens e mulheres no embate entre classes. Procura-se analisar a institucionalização do trabalho das ACS no Rio de Janeiro, considerando as normas e regras consolidadas nas políticas e as formas como essas mulheres tem vivenciando a precarização do trabalho, bem como as formas de lutas travadas para a sua efetiva profissionalização. Ao se privilegiar a construção histórica dessas profissionais, buscou- se afastar de uma visão essencialista do que é ser mulher presente na política e de análises que compreendem a qualificação como uma relação linear entre formação e posto de trabalho. As informações apresentadas no texto foram obtidas por meio da literatura pertinente ao tema e da aplicação e análise de um questionário fechado respondido por 167 agentes comunitários de saúde da estratégia saúde da família do município do Rio de Janeiro. Traçou-se o perfil socioeconômico, os percursos formativos e as trajetórias profissionais das ACS. Com base nesse questionário, foram selecionadas dezesseis trabalhadoras que atuavam em diversas regiões do município, com os quais foram feitas entrevistas aprofundadas, abordando os temas que nortearam o questionário. A pesquisa apresenta, primeiramente, a perspectiva de gênero presente nas políticas do Estado direcionadas às ACS. Em seguida, resgata a experiência de trabalho das agentes na implantação do PFS no município e a sua relação com habilidades vistas como inatas à condição feminina, para depois analisar como a Reforma da Atenção Primária realizada pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil em 2009 vem afetando o processo de trabalho das agentes. Anna Violeta R. Durâo.

Palavras-chave


Processo de Trabalho; gênero; Agentes Comunitáris de Saúde