Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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VULNERABILIDADE DO LUGAR E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL: RISCOS, PERIGOS E PROTEÇÃO NOS TERRITÓRIOS DA SAÚDE
Maria Zelfa de Souza Feitosa, Zulmira Áurea Cruz Bomfim

Resumo


A Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2010) elenca a vulnerabilidade como um dos aspectos determinantes do processo saúde-adoecimento. Compreendida, a partir de uma perspectiva dialética, como conceito multidimensional e multifacetado (MARADOLA JR.; HOGAN, 2006), a vulnerabilidade resguarda tanto os riscos e perigos a que os sujeitos estão expostos, como as formas de enfrentamento que desenvolvem para lidar com o cerceamento da cidadania. Nesta dimensão, insere-se o conceito de vulnerabilidade do lugar, onde se afirma que também os lugares podem estar expostos a riscos (MARADOLA; HOGAN, 2009) e apresentar fatores protetivos. Concebendo-se que, na interação com o ambiente, tanto a conduta dos sujeitos é modelada e condicionada pelas características ambientais, como estes sujeitos se convertem em atores de transformação do ambiente (MIRA, 1997), este trabalho justifica-se pela possibilidade de apontar contribuições do conceito de vulnerabilidade do lugar para a atuação profissional, nas políticas de saúde. Destarte, objetivou-se analisar a literatura acerca do referido conceito e suas possíveis contribuições para a prática profissional no campo da saúde. Nossa metodologia constituiu-se de uma revisão integrativa da literatura inerente ao tema, nas bases de dados alocadas no Portal Periódicos Capes, onde encontramos 9 publicações que versam sobre a vulnerabilidade do lugar. Destas, excluídas as repetições e os trabalhos que não se inseriam em nossos critérios de inclusão, construímos uma amostra com 4 artigos. Das análises, temos, como resultados parciais – pois a pesquisa está em andamento – que o conceito de vulnerabilidade do lugar aparece como perspectiva teórico-metodológica, pautada na relação população-ambiente – sem considerá-los como elementos separados –, capaz de, em microescala, captar os elementos envolvidos na produção, aceitação e formas de responder aos riscos e perigos do território (MARADOLA JR.; HOGAN, 2009). Incorpora a dimensão existencial e fenomênica do lugar e o pertencimento dos sujeitos e grupos ao espaço vivido. Com base nisto, propomos que a compreensão deste conceito, aplicado ao trabalho em saúde, permite enfocar as potencialidades dos sujeitos comunitários e dos lugares, viabilizando um desenho da realidade dos territórios, que visibilize as principais necessidades e os fatores protetivos do lugar, possibilitando pensar formas de potencializar a participação popular e a corresponsabilização na promoção da saúde.

Palavras-chave


Saúde; Vulnerabilidade do Lugar; Atuação Profissional

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política nacional de promoção da saúde. 3 ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 60 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v.7).

 

MARADOLA JR., E.; HOGAN, D. J. As dimensões da vulnerabilidade. São Paulo em Perspectiva, v. 20, n. 1, p. 33-43, jan./mar. 2006.

 

MARADOLA JR., E.; HOGAN, D. J. Vulnerabilidade do lugar vs. Vulnerabilidade sociodemográfica: implicações metodológicas de uma velha questão. R. bras. Est. Pop, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 161-181, jul./dez. 2009.

 

MIRA, R. G. La Aportación de la Psicología Ambiental. In: MIRA, R. G. La ciudad percibida. Una Psicología Ambiental de los Barrios de A Coruña. Universidad da Coruña, Servicio de Publicacións, 1997.