Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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COGESTÃO E VER-SUS: (DES)CONSTRUÇÃO DE SABERES EM SAÚDE
Carine Guterres Cardoso, Bruna Rocha de Araújo, Teresinha Edurdes Klafke

Resumo


Na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), o projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) ocorre desde 2002, sendo a UNISC parceira e realizadora do evento, através do coletivo estudantil Grupo de Estudos e Trabalhos em Saúde Coletiva (GETESC). Desde as primeiras edições do VER-SUS trabalha-se com a cogestão como pressuposto teórico-metodológico. Entende-se por cogestão os processos decisórios compartilhados em uma determinada organização social, sendo respeitados os saberes das pessoas que compõem uma determinada coletividade em prol da construção de um saber coletivo que abarque as diversidades. Desta forma, os diferentes conhecimentos são considerados e as decisões são tomadas no coletivo, sem que haja uma cisão entre quem decide e quem executa. Pretende-se a horizontalidade das relações, ao invés da centralidade de poder. Portanto, a cogestão compreende os sujeitos como seres sócio-históricos ativos e transformadores da realidade na qual estão inseridos. Na UNISC, a co-gestão transversaliza o processo de construção do VER-SUS, pela ação compartilhada de estudantes, professores, gestores e comunidade no planejamento, organização e efetivação do projeto. A cogestão presente na organização norteia o processo educativo-seletivo dos estudantes participantes, no qual a pactuação dos critérios para a seleção é realizada pelo conjunto dos estudantes, os quais se responsabilizam pela escolha dos que participarão da vivência. A vivência é facilitada por estudantes e, assim, o protagonismo estudantil que guia as ações do VER-SUS possibilita a horizontalidade na troca de experiências, questionamentos, dúvidas, apreensões, curiosidades, ansiedades e demais sentimentos que perpassam a vivência. A cogestão coloca em cena o pensar, fazer e decidir coletivo nos processos de análise, decisão e avaliação durante a vivência. Estes processos implicam no reconhecimento e inclusão da diversidade de opiniões, que na vivência cotidiana se encontram, se aproximam e formam um mosaico de saberes. Percebemos que o VER-SUS potencializa a (des)construção desses mosaicos à medida que propicia o conhecimento sobre a realidade da saúde pública, a vivência da multiprofissionalidade e da interdisciplinaridade, o compartilhamento e discussão em rede. Participar ativamente de um processo coletivo diz da forma como se pensa e se produz a atenção integral à saúde e o cuidado, sob a perspectiva de todos os envolvidos incluindo, também, os usuários.

Palavras-chave


Educação Permanente em Saúde; Cogestão; Saúde Coletiva

Referências


CASTRO, Carmem Lúcia Freitas de; GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga; AMABILE. Antônio Eduardo de Noronha (Orgs). Dicionário de Políticas Públicas. Barbacena: EdUEMG, 2012.