Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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Os citotécnicos no contexto de expansão do teste de Papanicolaou no Brasil
Luiz Antonio Teixeira

Resumo


No início dos anos 1960, as ações de prevenção ao câncer de colo de útero no Brasil, se davam nos consultórios de ginecologia privados e nos postos filantrópicos ou da medicina previdenciária existentes nas grandes cidades. As poucas campanhas de rastreamento da doença eram de pequeno porte e voltadas para comunidades específicas. A partir dos anos 1970, esse cenário se modificou e as campanhas de rastreamento baseadas no uso extensivo do teste papanicolaou se impuseram como padrão para o controle da doença no Brasil. O desenvolvimento das campanhas de rastreamento, implicou na criação de uma infraestrutura para a elaboração e processamento dos exames, transformando os citotécnicos – profissionais treinados para leitura das lâminas – em elementos indispensáveis para a viabilização do controle da doença.

Com a expansão da demanda pelas atividades desses profissionais surgiram as primeiras iniciativas para sua formação, e novas questões se apresentaram. Como formar, em quantidade e qualidade adequadas, esses novos profissionais? Qual a grade curricular adequada às suas tarefas e responsabilidades? Como monitorar o funcionamento dos cursos? como garantir o monopólio sobre a atividade exercida, como caracterizar sua especificidade? Tais pontos transformaram-se em temas de embates e negociações, num típico processo de consolidação de uma nova profissão.

O processo de institucionalização do programa nacional de prevenção do câncer do colo do útero no Brasil – Viva Mulher –no final dos anos 1990, e a consequente necessidade de garantia de qualidade dos exames executados fizeram com que essas questões voltassem ao centro das atenções, estando até hoje na pauta da saúde pública brasileira.

Nesse trabalho, além de analisar as o processo acima descrito, buscaremos discutir as questões relativas aos debates entre diferentes grupos profissionais envolvidos com a lógica do exame de papanicolaou e às relações entre os setores públicos e privados de saúde no campo de sua utilização. Demonstramos que as visões distintas sobre essa tecnologia no campo de diferentes profissões e a relação destas com a dinâmica do mercado de trabalho moldam a trajetória da profissão de citotécnico e a forma como o teste de Papanicolaou foi (e está sendo) utilizado no Brasi.


Palavras-chave


câncer do colo do útero, teste de papanicolaou, programas de rastreamento, pessoal técnico de saúde