Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ATENDIMENTO A MORADORES DE RUA ALBERGADOS: UMA PRÁTICA DE RESPONSABILIDADE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Camila Moreira Nobre Bonfim, Miller Barreto de Brito e Silva, Isabelle Luanna Gonçalves Tavares, Fábio Castelo Branco Girão, Carla Valentina Melo de Matos, Ivna Silva Gonçalves, Joseane Marques Fernandes

Resumo


Caracterização do problema: Múltiplas razões levam as pessoas a adotarem a rua como lar. Entre elas podemos citar o abandono social, o desemprego e o envolvimento com drogas. Independentemente de qualquer causa, essa população acaba sendo negligenciada quanto à saúde tornando-se um grupo de risco para desenvolver problemas que vão desde simples viroses até afecções mais sérias como tuberculose e hanseníase. A nova Política Nacional da Atenção Básica tem avançado em novas modelagens para as diferentes populações e realidades do Brasil. Dentre elas, os moradores de rua visando à equidade de acesso às ações do SUS. Descrição da Experiência: Uma equipe de seis médicos, uma enfermeira e uma psicóloga decidiu instituir manhãs de atendimento bimestrais para moradores de rua albergados. Ao longo de dois dias, foram atendidos 26 pacientes, com idades que variavam entre 19-62 anos, do sexo masculino. Iniciou-se com uma triagem na enfermagem, com aferição da pressão arterial e glicemia capilar. Posteriormente os pacientes conversavam com a psicóloga e passavam para a consulta médica. Nesse momento, eles eram examinados e, caso fosse necessário, encaminhados para hospitais de referência ou para laboratórios públicos para coleta de exames. Entre as queixas mais comuns destacaram-se: dor (n=11), pirose (n=3), secreção nasal (n=2), astenia (n=5), diarreia (n=3) e perda ponderal (n=6). Houve ainda 6 casos de hipertensão, 3 de diabetes mellitus, 3 de HIV e 1 de sífilis. Efeitos Alcançados: A população albergada foi atendida e avaliada por profissionais de três áreas distintas, possibilitando o reconhecimento de pacientes com afecções graves, bem como o diagnóstico de doenças crônicas descompensadas. Houve vários pacientes com suspeita de afecções que só poderão ser confirmadas com os dados laboratoriais em consultas vindouras. Aproveitou-se o atendimento com esse público para explicar sobre a importância do autocuidado e para ações de promoção de saúde como o fornecimento de preservativos e estabelecimento de diálogo para esclarecer as dúvidas dos pacientes. Recomendações: a atenção dispensada a pessoas moradoras de rua deve ser uma preocupação crescente da atenção básica, visto a vulnerabilidade a que essa clientela encontra-se. Pois somente desta forma, poderemos consolidar na saúde dessas pessoas as diretrizes do SUS de universalidade, acessibilidade, integralidade da atenção, equidade e participação social como realidade a esta parcela populacional da nossa sociedade.