Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER A PARTIR DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO
Renata Carneiro Ferreira, Gracyelle Alves Remigio Alves Remigio Moreira, Isabelle da Silva Gama, Ludmila Fontenele Cavalcanti, Luiza Jane Eyre de Souza Vieira

Resumo


A violência sexual contra a mulher configura-se em uma das expressões mais perversas de desigualdade de gênero, revelando o complexo contexto de poder que marca as relações sociais entre os sexos. A violência sexual assume um papel diferenciado no conjunto das violências de gênero, sobretudo pelas consequências negativas as esferas física, sexual, emocional e social da mulher que a vivencia, além de repercutir na família e na sociedade em geral, afetando de modo significativo às relações sociais. Apesar da dificuldade de se estimar a magnitude do fenômeno, alguns estudos conferem visibilidade e percepção sobre o quanto a violência sexual está presente no cotidiano da sociedade. O estudo teve como objetivo analisar os fatores associados à ocorrência de violência sexual contra a mulher a partir das fichas de notificação. Estudo transversal que utilizou 939 fichas de notificações de mulheres em situação de violência de três serviços de saúde, em Fortaleza, Ceará, no triênio de 2006 a 2008. A coleta de dados aconteceu manualmente, ficha a ficha, no período de julho a outubro de 2009. O desfecho considerado no estudo foi o registro de violência sexual contra a mulher, como variáveis preditoras: características sociodemográficas; dados da agressão e do agressor. Na análise, o teste exato de Fisher e o modelo de regressão logística multivariada foram utilizados. O perfil da mulher em situação de violência sexual mostra que 79,0% possuíam idade superior a 18 anos, 76,1% tinham até nove anos de estudo, 54,8% eram casadas e 12,1% estavam gestantes. O modelo regressão logística final mostrou que a chance de a mulher sofrer violência sexual foi maior nos seguintes casos: ter idade superior a 18 anos (OR=9,43; IC95% 4,27-20,82); estar gestante (OR=2,54; IC95% 1,06-6,09); ter sofrido mais de um tipo de violência (OR=3,10; IC95% 1,55-6,17); por tortura (OR=4,46; IC95% 1,63-12,19); enforcamento (OR=2,75; IC95% 1,29-5,83); objeto perfuro-cortante (OR=2,01; IC95% 1,08-3,72) e a reincidência da violência (OR=7,72; IC95% 4,36-13,66). Diante do exposto, pode-se compreender a extrema necessidade de prevenção da violência sexual, havendo necessidade de agir junto à família, comunidade e sociedade em geral, uma vez que suas sequelas do ato atingem dimensões e gravidade expressivas. O conhecimento gerado por este estudo fornece subsídios para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento à violência sexual contra a mulher.

Palavras-chave


Violência contra a mulher; Violência sexual; Fatores de risco

Referências


DINIZ, D. Violência sexual e saúde. Posfácio. Cad. Saúde Pública, v. 23, n. 2, p. 477-478, 2007.

 

OLIVEIRA, E. M. et al. Atendimento às mulheres vítimas de violência sexual: um estudo qualitativo. Rev. Saúde Pública, v. 39, n. 3. p. 376-382, 2005.

 

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra; 2002.