Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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SOBREPOSIÇÃO DE TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NOTIFICADA EM SERVIÇOS DE SAÚDE: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Renata Carneiro Ferreira, Luiza Jane Eyre de Souza Vieira, Gracyelle Alves Remigio Moreira, Ana Paula Soares Gondim, Maria Alix Leite Araujo, Raimunda Magalhães Silva

Resumo


Introdução: A violência contra a mulher manifesta-se como problema de saúde pública pela magnitude de sua prevalência, gravidade e recorrência, assim como pelas consequências negativas na qualidade de vida das vítimas. A violência contra a mulher se expressa nas modalidades física, psicológica, sexual, patrimonial, moral, institucional, tráfico de mulheres, exploração sexual de mulheres e cárcere privado. Contudo, evidencia-se a interrelação dos tipos de violência, configurando-se os casos em eventos complexos, repercutindo na gravidade das situações. Nesse sentido, compreender os fatores que podem contribuir para a superposição dos tipos de violência contra a mulher contribui sobremaneira para qualificar a assistência, além de proporcionar um cuidado contextualizado por parte dos profissionais da saúde. Objetivo: Identificar a prevalência e os fatores associados à sobreposição dos diferentes tipos de violência contra a mulher notificada em serviços de saúde. Método: Estudo transversal realizado com 939 fichas de notificação de casos de violência contra a mulher de serviços de saúde, referentes ao triênio de 2006 a 2008, em Fortaleza, Ceará. A variável dependente foi o registro de dois ou mais tipos de violência contra a mulher e como variáveis independentes: dados sociodemográficos; dados da agressão; e dados do agressor. Análises univariada e múltipla por regressão logística foram realizadas. Resultados: A frequência de sobreposição de violência contra a mulher foi de 73,9% (694). Somente um tipo de violência foi vivenciada por 245 mulheres (26,1%), distribuídos entre violência psicológica/moral (85,7%), física (74,9%), negligência/abandono (18,2%), sexual (13,3%), patrimonial (4,0%) e tortura (2,7%). No modelo de regressão logística múltipla observou-se que estavam associados positivamente à mulher sofrer dois ou mais tipos de violência, a escolaridade variando de analfabeta a ensino fundamental (OR = 1,43; IC95% = 1,05 – 1,96) e a agressão ter ocorrido outras vezes (OR = 2,41; IC95% = 1,57 – 3,71). Conclusão: Esse conhecimento contribui para o delineamento de ações específicas que visam o enfrentamento dessa problemática, assim como gera subsídios para proposta adequada de atendimento e encaminhamento das vítimas que buscam os serviços de saúde.

Palavras-chave


Violência contra a mulher; Serviços de saúde; Fatores de risco

Referências


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