Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
EXPERIÊNCIA NO CENTRO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM PERNAMBUCO: REPERCUSSÃO NA FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS
Camila Serrano de Andrade Mulatinho, Ameliane Reubens Leonidio, Angelita Gouveia da Silva, Danielle de Arruda Costa, Halina Cavalcanti Gouveia

Resumo


Caracterização do problema: No âmbito da Saúde Mental no Estado de Pernambuco, o Hospital Psiquiátrico José Alberto Maia (HPJAM) em atividade desde 1965 no município de Camaragibe-PE representava a unidade hospitalar com maior número de leitos psiquiátricos. A evidência de degradação do espaço físico e estrutural do hospital, a baixa qualidade assistencial, as denúncias de violação de direitos humanos, foram fatos que reverberaram de modo a se definir pelo descredenciamento e, o consequente encerramento das atividades do hospital. Diante disso, essa unidade foi definida como foco de intervenção da gestão estadual para garantir o avanço no alinhamento das diretrizes propostas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com o descredenciamento e fechamento do HPJAM, à época com cerca de 500 internos foi implantado o Centro de Desinstitucionalização para viabilização do processo de desinstitucionalização dos pacientes egressos do HPJAM. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental/Universidade de Pernambuco foi incorporado ao processo a partir de novembro de 2010. Descrição da experiência: O enfoque principal das intervenções no Centro, como um dispositivo intermediário de reinserção social, estava na concretização dos projetos de desinstitucionalização dos usuários (retorno ao convívio familiar ou inserção em Serviço Residencial Terapêutico) baseado nas dimensões: reforço da autonomia, fortalecimento dos vínculos familiares, construção da cidadania, estabelecimento de relações sociais. Dentre as intervenções previstas estavam definidas como eixos: o acompanhamento individualizado dos usuários pelos técnicos de referência e equipe; o acolhimento aos familiares; a realização de grupos terapêuticos e as reuniões clínicas. Efeitos alcançados: As práticas terapêuticas traziam repercussões nos usuários e profissionais envolvidos. Deste modo havia espaço de avaliação permanente voltado para discutir a relevância destas práticas para o fortalecimento identitário dos usuários, o desenvolvimento de sua autonomia e do seu poder de contratualidade que possibilitam, segundo Albuquerque (2006), que os usuários consigam desautorizar a instituição psiquiátrica como único lugar de referência em suas vidas. Recomendações: O período atual está sendo considerado de intensidade no rearranjo assistencial imposto pelo desmonte de instituições psiquiátricas e a consequente inserção de usuários egressos de internações de longa permanência em dispositivos extra-hospitalares. Nesse desafiante contexto é premente a existência de espaços formativos que privilegiem uma visão mais humanizada que reafirmem a importância dos princípios da reforma psiquiátrica.

Palavras-chave


FORMAÇÃO PROFISSIONAL, DESINSTITUCIONALIZAÇÃO, REFORMA PSIQUIÁTRICA

Referências


ALBUQUERQUE, P. Desinstitucionalização: notas sobre um processo de trabalho. In: Cadernos Ipub: nº 22. Rio de Janeiro: UFRJ/IPUB, nov./dez. 2006. p.93-110.

ROTELLI, F. et al, 1992. Reformas Psiquiátricas na Itália e no Brasil: aspectos históricos e metodológicos. In: BEZERRA, B. et al Psiquiatria sem hospícios. Rio de Janeiro, Relume-Dumará. 1992. p. 41-55.