Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Travestis e Transexuais na Região Sul do Brasil: cotidianos de direitos violados
Camila Guaranha, Cristian Fabiano Guimarães, Juliane Quevedo de Moura, Igor Garber Simões

Resumo


Esta pesquisa foi realizada ao longo do VIII Encontro Sul Regional de Travestis e Transexuais realizado em Porto Alegre-RS em junho de 2011, e faz parte de um estudo que tem por objetivo traçar o perfil sóciodemográfico e econômico das travestis e transexuais na região Sul do Brasil, tendo em vista subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas para essa população. Nessa etapa da pesquisa, interessou conhecer as percepções de travestis e transexuais acerca de si mesmas, das situações de violências que vivenciam no cotidiano, bem como suas expectativas com relação ao envelhecimento e ao futuro. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, com dez travestis e transexuais. Como método de pesquisa, utilizou-se entrevista semi-estruturada com quatro questões abertas, que versavam sobre a percepção de como é ser travesti ou transexual, aspectos relacionados a situações de violências vividas por elas e expectativas com relação à projetos de vida, futuro e envelhecimento. Elas foram entrevistadas por pesquisadores previamente treinados para tal, e todas concordaram em participar voluntariamente e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas foram transcritas para posterior análise dos dados. A análise dos dados buscou relacionar as falas que mais se repetiram nas entrevistas aos achados teóricos sobre as questões da pesquisa, tendo em vista permitir aos pesquisadores formular hipóteses para estudos futuros com essa população, bem como orientar a proposição de políticas públicas e projetos sociais que considerem as especificidades dessa população. Os resultados preliminares apontam para um cotidiano de constrangimentos e preconceitos relacionados ao fato de ser travesti ou transexual, sendo o nome social um dos principais fatores geradores de sofrimentos e dificuldades na vida diária. Da mesma forma, um grande número de relatos de violência física, psicológica e sexual chamou a atenção dos pesquisadores, situações em que, na maior parte das vezes, a orientação sexual e o gênero são fatores de vulnerabilidade para estas pessoas. Cabe salientar, por fim, que a atual geração de travestis e transexuais da região sul do Brasil está começando a envelhecer, fato que não era observado até então. Observou-se, assim, que o envelhecimento desta população é uma temática que deve entrar na agenda das políticas públicas. A partir destas análises preliminares, apontamos a necessidade de se aprofundar as dicussões acerca da orientação sexual e gênero nesta população, a fim de se melhor compreender as necessidades e demandas por ela apresentadas e, desta forma, propor ações resolutivas no campo das políticas públicas e dos movimentos sociais.