Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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SÃO LOURENÇO DO SUS: relatos da reconstrução de uma cidade.
Bruno Klafke Alves, Raísa Maldonado Severo, Natanna da Rosa, Samuel Eggers

Resumo


O presente trabalho tem por objetivo relatar as Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VERSUS), trazendo em letras, os cheiros, cores e sentimentos experimentados no VERSUS São Lourenço do Sul (RS), ocorrido entre os dias 27 a 03 de março de 2012. Desta maneira, propõe-se mais do que um simples relato de prós e contras de um sistema, mas sim, um instrumento para a partilha de sensações, que possam de alguma maneira, disparar ações coletivas em diferentes cenários de práticas, visto que enxergamos em São Lourenço do Sul (SLS) muito mais que uma cidade, mais que um Sistema de Saúde e uma simples vivência; enxergamos uma cidade coletiva, onde a partir de uma reconstrução, os personagens, os cenários e as vidas se entrelaçaram de tal modo que até mesmo seres “estranhos” àquela realidade se sentem acolhidos para conhecer e agregar-se em seu modo de organização em saúde.Tal sentimento surgiu a partir de trocas entre os viventes e os atores que participaram ativamente, desde o momento inicial, do processo de reconstrução da cidade após a enchente da madrugada do dia 10 de Março de 2011. Ouvindo as dificuldades encontradas, vendo fotos, vídeos e feições, pudemos sentir por alguns minutos, o que nos marcaria para sempre: o terror, o caos, a solidariedade, a esperança e a reconstrução exitosa que perpassou por SLS desde então. E não havia como ser diferente, mesmo com parentes, amigos e conhecidos desabrigados e metade da cidade, embaixo d’água, SLS organizou uma grande e sólida equipe de trabalho, com profissionais de diversas áreas comprometidos no processo de reorganização da cidade. Enquanto as águas baixavam, equipes de ação já percorriam as ruas, com estratégias de vigilância em saúde para inibir a proliferação de doenças emergentes e a contaminação da água e de alimentos; Equipes de Estratégia Saúde da Família, principalmente agentes comunitários de saúde trazendo consigo o que temos de mais humano, a solidariedade de estar junto na reconstrução da cidade e no apoio e auxílio para a elaboração do processo de luto emergente, assim como os CAPS que serviram de base psicossocial para muitas famílias desamparadas. Hoje, quem passa por SLS não vê uma população traumatizada, mas sim, unida, deixando para os olhos estrangeiros a imagem de uma estrutura sólida de Sistema de Saúde, que conseguiu, depois de tudo, continuar a ser exemplo.