Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: VIVÊNCIA DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM EM UM CENTRO MUNICIPAL DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO, DIVINÓPOLIS, MG
Hellen Ariane Ribeiro

Resumo


ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: VIVÊNCIA DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM EM UM CENTRO MUNICIPAL DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO, DIVINÓPOLIS, MG Eloise Azevedo Evangelista1 Flávia Jesulina Campos da Silva¹ Hellen Ariane Ribeiro¹ Jeizziani Aparecida Ferreira Pinto¹ Rafaella Gontijo do Nascimento1 Simone Campos Ferreira1 Hosana Ferreira Rates2 ¹Enfermeira Residente na Atenção Básica/Saúde da Família da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)/Divinópolis, MG. ²Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de São João Del Rei, Divinópolis_MG. Docente e Coordenadora do Módulo “Práticas Integrativas ao Idoso” da Residência em Enfermagem na Atenção Básica/Saúde da Família (UFSJ). CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA O século XXI foi caracterizado por diversas mudanças sociais, políticas e tecnológicas, as quais impactaram diretamente no Brasil e no mundo, provocando transformações da estrutura populacional (1). Esta modificação do tamanho e estrutura etária da população é chamada de transição demográfica. Dentre alguns fatores que influenciam esta mudança são a redução da mortalidade infantil; a redução da fecundidade, a queda da mortalidade conjugada às melhorias nas condições de saúde ocasionadas por recursos tecnológicos de saúde, aumentando assim expectativa de vida do idoso. Além das transformações demográficas, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, caracterizado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais avançadas. O envelhecimento é um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos: senescência. No entanto, em condições de doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência: senilidade. Certas alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados, através da realização de atividades que promovam a saúde e previnam patologias favorecendo a manutenção da autonomia, com integração social (3). O conceito de saúde nessa população não é apenas estar isento de doenças ou complicações, mas, também é avaliada pelo nível da capacidade funcional, que se refere à autonomia da pessoa para a realização das Atividades da Vida Diária (AVDs) que lhe oferecem a possibilidade de viver sozinho em contexto domiciliário (4). O idoso marcado por essas características leva a necessidade da avaliação multiprofissional. É nesse ponto que a saúde do idoso entra como prioridade para as ações de saúde pública. Daí a necessidade de melhorar a qualidade dos serviços ofertados, reformulando e aprimorando a participação dos atores sociais no contexto, organizando o papel de cada profissional e otimizando as ações oferecidas para este público, de modo que a atenção a saúde da pessoa idosa seja um processo integrado (5). Para que haja uma integralidade do cuidado a pessoa idosa, é necessária que as Unidades da Atenção Básica mantenham vínculos com outras instituições que trabalham com o foco na promoção e prevenção a saúde do idoso, formando assim uma rede de cuidado, em que os serviços de saúde possam proporcionar a atenção global. O Curso de Enfermagem da Universidade Federal São João Del-Rei/ UFSJ, Campus Dona Lindu, situado no município de Divinópolis/MG, oferece a Residência em Enfermagem na Atenção Básica/Saúde da Família a partir de 2010. Para o aprofundamento de conhecimento, a especialização proporciona diferentes módulos ministrados por professores da Universidade e convidados, sendo um deles: “Práticas Integrativas ao Idoso”. Durante o módulo, uma atividade proposta pela docente responsável foi a vivência no Centro Municipal de Convivência do Idoso, onde foi trabalhado a “Interdisciplinaridade nos cuidados com os idosos”. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O Centro de Convivência Municipal do Idoso está alocado na proteção básica, o qual promove os direitos humanos dos cidadãos, além de trabalhar na prevenção da violação destes direitos. E ainda promove a entrada destes idosos em outros serviços da assistência social, no SUS, no trabalho, na educação. A instituição é um local de defesa e promoção da vida dos idosos, em que se pretende promover a alegria e o encontro deles, respeitando suas singularidades, suas idades e seus desejos. O Centro funciona de segunda à sexta-feira de 07: 30 horas às 17: 00 horas, com desenvolvimento de atividades adaptadas aos idosos como: futebol, basquete, natação, hidroginástica, ginástica, coral, oficinas artesanais, palestras, dinâmicas (bingo, caça-palavras), forró, bem como o oferecimento de alimentação durante a permanência dos idosos no local. As atividades estão abertas a todos os idosos (≥60 anos) do município e são gratuitas. Para se inserir no projeto é necessário ser cognitivamente independente, apresentar atestado médico para o desenvolvimento de atividades, informar onde vive e com as pessoas e apresentar cópias dos documentos pessoais. Atualmente estão inscritos 204 idosos, mas comporta até 250 idosos. Apesar deste limite não ter sido atingido às inscrições estão suspensas, devido à insuficiência de recursos humanos. As atividades que realizamos no Centro de Convivência do Idoso ocorreram através de cinco encontros, sob orientação da docente. No primeiro encontro fomos recebidas pela coordenadora do centro a qual nos apresentou todo o espaço físico, a equipe e o funcionamento do serviço oferecido. Na oportunidade, planejamos atividades para serem desenvolvidas nos encontros subseqüentes. Conforme programação, realizamos as seguintes ações de prevenção e promoção da saúde: coleta do exame citopatológico de colo uterino das mulheres as quais estavam com o exame atrasado e a atualização do cartão de vacina. Como ação de educação em saúde, no espaço da ”Troca de Idéias”, foram realizadas dinâmicas com os idosos onde foi abordada a sexualidade na terceira idade, atividade física e valorização da auto-estima. Foi também realizada uma peça teatral explicando sobre o funcionamento das unidades de saúde da família no sentido de incentivar a inserção dos idosos nessas unidades. Vale ressaltar que estes temas foram sugeridos pelos próprios idosos. EFEITOS ALCANÇADOS Ao realizarmos as atividades, proporcionamos condições favoráveis para o desenvolvimento do nosso senso crítico e reflexivo, contribuindo não só para a formação de um profissional preocupado com aspectos biológicos, mas, sobretudo, com o contexto social da abordagem ao idoso com a ética e com a seriedade de ser enfermeiro. Nesse sentido, acreditamos que a prática integrativa ao idoso possibilitou o ensino-aprendizagem e permitiu um verdadeiro pensar e repensar do processo de construção do conhecimento. Aos idosos proporcionamos conhecimento e instigamos o senso crítico com os aspectos de sua saúde, tanto individual quanto coletivamente. RECOMENDAÇÕES No Centro de Convivência os profissionais estão sempre em busca de uma melhor maneira de interação com os idosos, adaptando atividades às limitações decorrentes da idade. A instituição exerce uma função social importante, pois permite aos idosos uma interação interpessoal, auxiliando na prevenção das principais síndromes geriátricas, proporcionando um envelhecimento ativo. Importante ressaltar o município não conta com outras instituições as quias oferecem atividades voltadas para o público idoso, o que torna importante a ampliação dessas ações no sentido de promover um envelhecimento saudável. Sendo assim, a criação de novos centros de convivência em locais distintos, tornaria o acesso facilitado e abrangeria maior número de idosos. Reforçamos também a necessidade parceria deste serviço com outros setores da sociedade, como as unidades de saúde para promoção de um atendimento integral. REFERÊNCIAS 1. CARVALHO, C. J.A.; ASSUNÇÃO, R.C.; BOCCHI, S.C.M. Percepção dos profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família quanto à assistência prestada aos idosos: revisão integrativa da literatura. Revista de Saúde Coletiva. 20 [4]: 1307-1324.2010. 2. MORAES, E. N. Princípios básicos de geriatria e gerontologia. Belo Horizonte, COOPMED, 2008. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 4. RAMOS, L.R. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso, São Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. mai-jun, 19(3): 793-798.2003. 5. REBELATTO, J. R.; MORELLI, J. G. — Fisioterapia geriátrica: a prática da assistência ao idoso. Brasil: Manole, 2004. 6. BRASIL. Ministério Saúde. Atenção a Saúde do idoso. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1 ed. Belo Horizonte, 2006.