Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Visão dos Acadêmicos Ingressantes no Semestre 2009/1 do Curso de Enfermagem Sobre a importância de se estudar Processo de Trabalho e Desenvolvimento Gerencial para a Atenção Básica
Larissa Passos, Sabrina Ribeiro, Raone Sacramento, Gladys Benito

Resumo


Desenvolver habilidades próprias de um líder deve estar incluso na formação de acadêmicos da área de saúde, pressupondo que estes a utilizarão em todas as ações a que se destinarem no mercado de trabalho. Para tanto é primordial que as instituições ofereçam aos acadêmicos subsídios que estimulem a incorporação de uma visão crítica reflexiva, dinâmica, ativa, conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que determina que as instituições de ensino promovam a formação de diferentes perfis profissionais a partir da vocação de cada curso/escola, visando uma melhor adaptação e adequação ao mercado de trabalho. É em este prisma que o aluno deverá ser orientado ao longo da graduação e conduzido por novos meios de aprendizagem, que englobam o aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, garantindo a capacitação de profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento prestado aos indivíduos, famílias e comunidades (ITO, E.E, et al, 2005). Nessa ótica, a LDB no que tange às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Enfermagem, apontam para a necessidade de mudanças que permitam transformar o perfil profissional, rompendo com equívocos até então presentes nas propostas curriculares anteriores, tais como: a fragmentação do eixo de formação e o desenvolvimento de conteúdos estanques (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).De acordo com as DCNs do Curso de Graduação em Enfermagem, a formação do enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: Atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente (BENITO; FINATO, 2010). Segundo Peres e Ciampone (2006), entre as seis competências apontadas, cinco podem ser caracterizadas como competências gerenciais.Neste sentido, é indispensável que os docentes de enfermagem repensem a prática educacional e reflitam sobre sua capacitação, para que a formação dos acadêmicos contemple uma prática de ensino interdisciplinar, dinâmica e interativa; permitindo desse modo que o aluno compreenda as situações decorrentes do processo saúde-doença no desenvolvimento da prática assistencial de Enfermagem, como também possam incorporar à sua prática profissional as competências gerenciais que são imprescindíveis para a organização dos processos de trabalho em saúde.Diante disso, verifica-se a importância de se identificar, conhecer e compreender o processo de trabalho em saúde por alunos do curso de enfermagem, enquanto acadêmicos, para quando profissionais terem maior noção e domínio para executarem ações com segurança, habilidades técnicas, humanas e conceituais, e criatividade para criarem métodos ainda mais inovadores e criativos para se trabalhar. Estando aptos para o exercício do processo de trabalho de gerenciamento, que tem como meios e instrumentos a força de trabalho, os recursos físicos e materiais e o saber administrativo. De modo geral, espera-se que os enfermeiros estejam aptos para ser gestores e líderes da equipe de saúde (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).Assim a disciplina Processo de Trabalho e Desenvolvimento Gerencial para a Atenção Básica, que compõe a grade curricular do curso de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) surge como instrumento de capacitação e aprimoramento da capacidade de coordenar, articular, planejar e avaliar as ações direcionadas a saúde. Sendo assim, FERNANDES; MACHADO; ANSCHAU (2009, p 1542), completam que: [...] “a capacidade de gerenciar uma equipe de saúde e atender as perspectivas dos usuários requer um profissional equilibrado, que consiga superar as limitações que o serviço apresenta, além de prestar assistência baseada nos princípios do SUS, consiga lidar com o déficit de pessoal, de materiais, de recursos, bem como com a demanda cada vez maior de usuários. Além disso, o profissional atuante na gerência de serviços de saúde precisa ter competência para trabalhar os relacionamentos interpessoais no interior das organizações, minimizando os conflitos existentes”.Durante o intercurso da disciplina houve momentos de reflexão e discussão com embasamento teórico - cientifico que possibilitou identificar a gestão do trabalho como instrumento para o gerenciamento das ações de saúde e, da enfermagem como também conhecer as interfaces que compõem o processo de gestão de pessoas na atenção básica e o desenvolvimento de competências e habilidades da equipe multiprofissional.Também foi possível perceber que, conforme anunciou em sala de aula (BENITO, 2011) “gerenciar em saúde é tornar realidade o conhecimento científico adquirido através de uma prática autêntica e verdadeira, onde o que deve ser feito sempre perpassa pelos valores éticos em virtude de uma prática com qualidade que visa tanto assistência à clientela, quanto a efetivação do trabalho articulador e integrativo, determinante no processo de organização de serviços de saúde e um instrumento para e efetivação das políticas”.Outra temática aprendida na disciplina para um gerenciamento resolutivo foi identificar a importância dos sistemas de informação em saúde, utilizado para nortear as ações e sua avaliação. Isto nos aponta que o desenvolvimento de um perfil gerencial se faz através de uma prática sistemática e contínua na qual a disciplina é um dispositivo que auxilia nessa construção.Segundo FERNANDES; MACHADO; ANSCHAU, (2009, p 1542), atualmente: [...]o conhecimento das tecnologias de gerenciamento em saúde para os municípios torna-se essencial, visto que, historicamente, a gerência era apenas executora das ações planejadas no âmbito federal, não acumulando experiências em planejar, desenvolver e avaliar políticas de saúde. O processo de descentralização do sistema único de saúde coloca a competência gerencial como um fator preocupante para a implementação de um sistema regionalizado, hierarquizado e participativo [...]O ensino de Administração em Enfermagem, no que diz respeito à nova proposta do Ministério da Educação, deverá propiciar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades para o gerenciamento do cuidado/atenção em saúde de acordo com a política do Sistema Único de Saúde (BENITO; FINATO, 2010).Sendo assim, os fundamentos de tal disciplina deverão contemplar aspectos sociais, econômicos, políticos e aspectos do desenvolvimento científico e tecnológico na área gerencial. Portanto, a importância de repensar o ensino de Administração em Enfermagem e as competências de referência para a prática docente constitui-se em um desafio, tornando-se, cada vez mais, uma decisão consciente (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).