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Visão dos Acadêmicos Ingressantes no Semestre 2009/1 do Curso de Enfermagem Sobre a importância de se estudar Processo de Trabalho e Desenvolvimento Gerencial para a Atenção Básica
Resumo
Desenvolver habilidades próprias de um líder deve estar incluso na formação de acadêmicos da área de saúde, pressupondo que estes a utilizarão em todas as ações a que se destinarem no mercado de trabalho. Para tanto é primordial que as instituições ofereçam aos acadêmicos subsídios que estimulem a incorporação de uma visão crítica reflexiva, dinâmica, ativa, conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que determina que as instituições de ensino promovam a formação de diferentes perfis profissionais a partir da vocação de cada curso/escola, visando uma melhor adaptação e adequação ao mercado de trabalho. É em este prisma que o aluno deverá ser orientado ao longo da graduação e conduzido por novos meios de aprendizagem, que englobam o aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, garantindo a capacitação de profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento prestado aos indivíduos, famílias e comunidades (ITO, E.E, et al, 2005). Nessa ótica, a LDB no que tange às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Enfermagem, apontam para a necessidade de mudanças que permitam transformar o perfil profissional, rompendo com equívocos até então presentes nas propostas curriculares anteriores, tais como: a fragmentação do eixo de formação e o desenvolvimento de conteúdos estanques (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).De acordo com as DCNs do Curso de Graduação em Enfermagem, a formação do enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: Atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente (BENITO; FINATO, 2010). Segundo Peres e Ciampone (2006), entre as seis competências apontadas, cinco podem ser caracterizadas como competências gerenciais.Neste sentido, é indispensável que os docentes de enfermagem repensem a prática educacional e reflitam sobre sua capacitação, para que a formação dos acadêmicos contemple uma prática de ensino interdisciplinar, dinâmica e interativa; permitindo desse modo que o aluno compreenda as situações decorrentes do processo saúde-doença no desenvolvimento da prática assistencial de Enfermagem, como também possam incorporar à sua prática profissional as competências gerenciais que são imprescindíveis para a organização dos processos de trabalho em saúde.Diante disso, verifica-se a importância de se identificar, conhecer e compreender o processo de trabalho em saúde por alunos do curso de enfermagem, enquanto acadêmicos, para quando profissionais terem maior noção e domínio para executarem ações com segurança, habilidades técnicas, humanas e conceituais, e criatividade para criarem métodos ainda mais inovadores e criativos para se trabalhar. Estando aptos para o exercício do processo de trabalho de gerenciamento, que tem como meios e instrumentos a força de trabalho, os recursos físicos e materiais e o saber administrativo. De modo geral, espera-se que os enfermeiros estejam aptos para ser gestores e líderes da equipe de saúde (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).Assim a disciplina Processo de Trabalho e Desenvolvimento Gerencial para a Atenção Básica, que compõe a grade curricular do curso de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) surge como instrumento de capacitação e aprimoramento da capacidade de coordenar, articular, planejar e avaliar as ações direcionadas a saúde. Sendo assim, FERNANDES; MACHADO; ANSCHAU (2009, p 1542), completam que: [...] “a capacidade de gerenciar uma equipe de saúde e atender as perspectivas dos usuários requer um profissional equilibrado, que consiga superar as limitações que o serviço apresenta, além de prestar assistência baseada nos princípios do SUS, consiga lidar com o déficit de pessoal, de materiais, de recursos, bem como com a demanda cada vez maior de usuários. Além disso, o profissional atuante na gerência de serviços de saúde precisa ter competência para trabalhar os relacionamentos interpessoais no interior das organizações, minimizando os conflitos existentes”.Durante o intercurso da disciplina houve momentos de reflexão e discussão com embasamento teórico - cientifico que possibilitou identificar a gestão do trabalho como instrumento para o gerenciamento das ações de saúde e, da enfermagem como também conhecer as interfaces que compõem o processo de gestão de pessoas na atenção básica e o desenvolvimento de competências e habilidades da equipe multiprofissional.Também foi possível perceber que, conforme anunciou em sala de aula (BENITO, 2011) “gerenciar em saúde é tornar realidade o conhecimento científico adquirido através de uma prática autêntica e verdadeira, onde o que deve ser feito sempre perpassa pelos valores éticos em virtude de uma prática com qualidade que visa tanto assistência à clientela, quanto a efetivação do trabalho articulador e integrativo, determinante no processo de organização de serviços de saúde e um instrumento para e efetivação das políticas”.Outra temática aprendida na disciplina para um gerenciamento resolutivo foi identificar a importância dos sistemas de informação em saúde, utilizado para nortear as ações e sua avaliação. Isto nos aponta que o desenvolvimento de um perfil gerencial se faz através de uma prática sistemática e contínua na qual a disciplina é um dispositivo que auxilia nessa construção.Segundo FERNANDES; MACHADO; ANSCHAU, (2009, p 1542), atualmente: [...]o conhecimento das tecnologias de gerenciamento em saúde para os municípios torna-se essencial, visto que, historicamente, a gerência era apenas executora das ações planejadas no âmbito federal, não acumulando experiências em planejar, desenvolver e avaliar políticas de saúde. O processo de descentralização do sistema único de saúde coloca a competência gerencial como um fator preocupante para a implementação de um sistema regionalizado, hierarquizado e participativo [...]O ensino de Administração em Enfermagem, no que diz respeito à nova proposta do Ministério da Educação, deverá propiciar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades para o gerenciamento do cuidado/atenção em saúde de acordo com a política do Sistema Único de Saúde (BENITO; FINATO, 2010).Sendo assim, os fundamentos de tal disciplina deverão contemplar aspectos sociais, econômicos, políticos e aspectos do desenvolvimento científico e tecnológico na área gerencial. Portanto, a importância de repensar o ensino de Administração em Enfermagem e as competências de referência para a prática docente constitui-se em um desafio, tornando-se, cada vez mais, uma decisão consciente (NIMTZ; CIAMPONE, 2006).