Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A FAMÍLIA NA CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI - RJ
Mônica Castro Maia Senna, Fabielle Guimarães Tavares

Resumo


A família brasileira tem ocupado lugar central na agenda governamental do país nos anos recentes. Na saúde, diversas iniciativas têm recolocado a família como foco prioritário das intervenções públicas, com destaque para a Estratégia Saúde da Família (ESF). Para os formuladores da Estratégia, o foco na família permite ampliar o entendimento sobre o processo saúde-doença para além de seus aspectos biológicos ou puramente clínicos, bem como dotar as ações sanitárias de maior resolutividade e efetividade. Embora seja um tema aparentemente tão próximo a todos nós, é preciso reconhecer que a família se constitui em uma das mais complexas instituições sociais do mundo contemporâneo e que a mesma vem passando por transformações significativas nas últimas décadas, carreando concepções e conceitos distintos. Além disso, a simples inclusão do termo família na designação de políticas e programas de saúde ou sua enunciação como foco prioritário das ações não significa que, de fato, a família seja o marco orientador das metodologias de intervenção e da prática profissional no âmbito da ESF. Esse estudo pretende analisar a concepção que os profissionais da ESF têm sobre família e de que forma a abordagem familiar norteia as atividades profissionais das equipes. Entende-se que as concepções e referenciais que orientam a atuação dos profissionais responsáveis pela implementação da política são fundamentais para a construção efetiva da estratégia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que toma como lócus de análise a experiência do Programa Médico de Família de Niterói (PMFN). O estudo contou com levantamento e análise documental, incluindo os marcos referenciais do programa, o material da capacitação dos profissionais e prontuários de usuários, além de entrevistas com profissionais de quatro equipes do PMFN. Os resultados demonstram a existência de uma diversidade de concepções, as quais abrangem desde visões estereotipadas sobre família e papéis familiares, até aquelas que apontam para a necessidade de considerar as diferentes formações familiares no mundo contemporâneo. Os profissionais apontam a falta de formação prévia para abordagem familiar. O tema família tem sido incorporado nas ações de capacitação das equipes apenas residualmente. Embora o foco na família seja previsto no desenho do programa, foi possível observar a inexistência de protocolos ou outras orientações para abordagem familiar, sendo predominantes as referências ao território como unidade de intervenção. A sobrecarga de trabalho foi apontada pelos profissionais como outro fator que dificulta a intervenção com foco na família. Predominam, nesse sentido, as intervenções sobre o indivíduo, com algumas iniciativas pontuais direcionadas à família.