Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A história ocupacional do trabalhador da ESF: Uma estratégia de reconhecimento e enfrentamento
Sedru Cavalcanti, Vera Lucia Amaral

Resumo


O trabalho pode ser fonte de realização humana ou desumanização. A precarização, a exposição a cargas de trabalho incidem sobre a saúde dos trabalhadores. A ampliação do olhar sobre as condições de trabalho no setor de serviços, tem gerado estudos cada vez mais frequentes sobre os trabalhadores do setor de serviços públicos de saúde. Objetivou-se a realização do estudo de caso em duas unidades de saúde da família (USF) em um bairro do município de João Pessoa, através da identificação das cargas a que estão expostos seus trabalhadores e da percepção que têm sobre essa exposição. Tratou-se de um estudo de caráter exploratório, com abordagem quanti-qualitativa, com aplicação do resgate da história ocupacional. Dos 16 trabalhadores entrevistados apenas um trabalhador de nível superior teve na Saúde da família (SF) seu primeiro emprego, todos os demais exerceram antes da SF quatro ou mais ocupações. A exposição a cargas e acidentes de trabalho nos empregos anteriores foi relatada em 92%. Constatamos que 60% dos trabalhadores com nível médio/técnico já tiveram alguma experiência de acidente em seus empregos anteriores, contra apenas um relato entre trabalhadores com nível superior. No trabalho atual na USF, metade dos trabalhadores com nível médio já sofreram algum acidente típico de trabalho, contra apenas dois casos de acidente de percurso entre os trabalhadores com nível superior. Apenas dois trabalhadores entrevistados relataram já ter tido alguma orientação sobre segurança no trabalho ou conhecer ou ter ouvido falar do trabalho do CEREST. Declararam não possuir carteira assinada 92% dos trabalhadores, estando contratados através de prestação de serviços. Não foi identificada nenhuma medida de proteção coletiva nas USF. A doença como causa de afastamento ou ausência do trabalhador é. Além da convivência com doenças e problemas de saúde atribuídas ao trabalho no PSF (distúrbios do sono, problemas de pele, dores de coluna, hipertensão arterial, tendinites...). Os trabalhadores das equipes de SF apresenta um padrão de desgaste caracterizado por um processo de adoecimento lento e gradual, devido exposição a condições precárias, condições insalubres, mal-estar e tensões de psíquicas. A equipe de SF está exposta às cargas analisadas no presente estudo, sendo a observação do histórico ocupacional um instrumento pedagógico, para através do olhar sobre condições anteriores de trabalho e saúde, identificarem e problematizarem as condições atuais a que estão expostos.