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Introdução: Atualmente no Brasil e no mundo percebe-se o aumento de casos de obesidade relacionado com mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população, com a situação socioeconômica, demográfica e acesso a serviços de saúde. O declínio da desnutrição no Brasil ao longo dos últimos anos sofreu influência da melhoria de várias condições, tais como: progressos moderados na renda familiar; expansão de serviços públicos de saneamento; saúde e educação; redução nos índices de fertilidade e natalidade, com famílias menos numerosas; e, finalmente, deslocamento crescente da população para as áreas urbanas do país, onde, de modo geral, são melhores as oportunidades de emprego e de renda (MONTEIRO, 2000). Estudos de prevalência com amostras representativas do Brasil e de suas cinco macrorregiões indicam que, nos últimos trinta anos, a prevalência da desnutrição em crianças declinou em cerca de 80% e nas duas últimas avaliações, as regiões sul, sudeste e centro-oeste já apresentavam níveis de ocorrência compatíveis com a situação dos países desenvolvidos “Pela primeira vez na história do planeta o número de pessoas com excesso de peso supera os desnutridos” (ROTH et al., 2004) e isto pode estar relacionado a um modelo de estilo de vida familiar pouco saudável, que estimula o superconsumo de alimentos (SICHIERI; SOUZA, 2007) ou a ausência de uma alimentação saudável, além disso, as condutas sedentárias têm se mostrado positivamente associadas ao desenvolvimento da obesidade, tanto em crianças com em adultos.A análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico por isso, há atualmente um grande esforço na construção de um modelo de atenção à saúde que priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos e coletividades. Segundo o Ministério da Saúde, a "Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde...”, sendo a Saúde da Família a estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção primária no Brasil. Objetivos: Implementar um Centro de Referência em Obesidade (CRO) nas instalações de uma Clínica da Família e assim, estar mais próximo das ações de saúde realizadas no terrritório de atuação das equipes de saúde da família. Metodos: Este centro tem como público alvo usuários diagnosticados em obesidade grau III com comorbidades, e possibilita cuidados diferenciados voltados ao atendimento interdisciplinar envolvendo estratégias como consultas individuais, grupos educativos e interconsulta, baseando-se na construção compartilhada do projeto terapêutico. Resultados: O CRO tem contribuído na melhoria da saúde através da introdução de hábitos saudáveis e incentivo a pequenas mudanças e consequentemente melhora também a qualidade de vida e autoestima destas pessoas. A proposta de implementar um centro de referenciam em obesidade à uma equipe da atenção básica reafirma a proposta de mudança do modelo assistencial do SUS através da Estratégia Saúde da Família e exige uma mudança no processo de trabalho da equipe de saúde que deixa de focar apenas na atenção às doenças e passa a ter seu foco dirigido à promoção e manutenção da saúde.Após seis meses de implantação do centro de referência em obesidade é possível perceber a melhoria da qualidade de vida dos pacientes atendidos. A análise do discurso dos pacientes permite identificar melhorias que vão além da perda de peso, como a realização de tarefas domestica e comuns a todos que deixavam de ser realizadas devido ao alto grau de obesidade. Conclusão: A implementação deste centro de tratamento articulado a APS busca desenhar um modelo de atenção à obesidade que englobe uma equipe multidisciplinar e a organização dos diferentes níveis de complexidade da rede de saúde na cidade e através organização tem conseguido melhorar significativamente a qualidade de vida de pessoas que estavam excluídas tanto do convívio social como dos serviços de saúde, que mesmo não sendo casos raros, não estão capacitados para receber e lidar com esta realidade. Espera-se que as reflexões geradas aqui motivem novos questionamentos acerca do tema da prevalência da obesidade no Brasil e da promoção da saúde e, sobretudo, sobre as diversas formas de alcançar melhores condições de vida para os indivíduos.