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CAPS AD Passarela: uma proposta de cuidado a pessoas em sofrimento pelo uso de àlcool e outras drogas
Resumo
A reforma psiquiátrica possiblitou uma reformulação do modelo de atenção ao portador de sofrimento psiquico, trazendo para a cena o protagonismo do usuário em relação ao seu cuidado. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram criados como serviços estratégicos para garantia desta nova lógica de cuidado. Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência da equipe do CAPS Passarela vinculado a Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul e seus fluxos de cuidado. O CAPS Passarela funciona com acolhimento porta-aberta, atendendo pessoas em sofrimento pelo uso de álcool e outras drogas. O acolhimento é um primeiro atendimento individual com um profissional de nivel superior que se responsabiliza pela gestão do cuidado deste usuário e seus familiares. Este profissional designamos técnico de referência (TR). Neste atendimento, coleta-se a história de vida, relações interpessoais, situações de uso e riscos eminentes. Os usuários com indicação de internação são encaminhados para leitos de saúde mental em hospital geral e serão acompanhado pelo TR durante a internação. Não havendo situações de risco, o usuário é encaminhado para grupos de entrada, nos quais se propõe ao usuário (re)avaliar sua relação com o uso de substâncias psicoativas (SPA) e os danos decorrentes disso. Após esta etapa, o usuário retorna ao atendimento com o TR que retomará pontos pertinentes ao tratamento, suscitando a (re)contrução do seu projeto de vida. É aqui que será definida a participação em grupos/oficinas, horário de atendimentos individuais, avaliação clínica e/ou psiquiátrica, assim como a inserção dos familiares nos atendimentos. A esta construção nomeamos como Projeto Terapeutico Singular (PTS). Estes atendimentos variam de acordo com a necessidade do usuário e, geralmente, o atendimento individual com TR tem frequência semanal, sendo diminuida no decorrer do tratamento. O PTS não é uma proposta estanque, sendo reavaliado a cada atendimento de TR. No que tange ao uso de drogas, sabe-se que a adesão é uma das dificuldades encontradas no tratamento. Pensando no índice de abandono, temos como função do TR realizar a busca ativa do usuário e/ou familiares, através de contato telefônico e visitas domiciliares. A alta no CAPS é crucial e também uma questão dificil de ser definida - quais os seus critérios, em que momento e como ela será feita – no entanto, percebe-se a dificuldade tanto da equipe quanto dos usuários de efetivá-la.