Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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MATRICIAMENTO: CONTRAPONDO A MEDICALIZAÇÃO DO SOFRIMENTO, E CONSTRUINDO REDES E UM MODELO INTEGRAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Alice Lopes do Amaral Menezes, Maria Luiza Iavechia Gomes, Angela Marta Longo, Vivian Laytynher Vasconcelos, Elan Osmar Barbosa da Silva

Resumo


INTRODUÇÃO/PROBLEMA: Médica da Atenção Primária à Saúde, representada no Brasil pela Estratégia de Saúde da Família, realiza consulta de hipertensão com uma senhora e nota que seu neto (M., 11 anos) possui feridas nos braços e pernas. Feridas das pernas são de impetigo, porém avó relata que lesões dos braços não melhoram. Equipe desconfia que essas lesões sejam auto-infligidas e relacionadas ao elevado grau de ansiedade gerado pelo contexto de relações familiares muito disfuncionais.OBJETIVO: Estabelecer projeto terapêutico ampliado para toda unidade familiar cuidando dos aspectos biológicos e psicossociais.EXPERIÊNCIA: Adotou-se o método do Matriciamento: processo de trabalho em que um profissional de Saúde Mental atua com a equipe da Atenção Primária compartilhando seu conhecimento técnico e – JUNTOS – estabelecem um Projeto Terapêutico de Cuidado. Evitou-se encaminhar o paciente para um especialista de Saúde Mental. Em contrapartida, buscou-se fortalecer o vínculo equipe-família intensificando-se as visitas domiciliares e fazendo uma abordagem diferenciada para cada membro da família. Também foi estabelecida parceria intersetorial com a escola.RESULTADO: Matriciamento permitiu à equipe da Atenção Primária: 1) ampliar seu conhecimento técnico de Saúde Mental para lidar com sofrimento psíquico 2) diminuir a confusão e a ansiedade da própria equipe 3) executar projeto terapêutico direcionado para cada pessoa da família 4) fortalecer relação médico-paciente, vínculos e rede social 5) oferecer cuidado ampliado e de longo prazo.Com isso, a equipe a aproximou-se da família. O Agente Comunitário de Saúde estreitou relacionamento com M., que retornou à escola e parou de se auto-agredir. Relacionamento com familiares e vizinhos melhorou, agressões verbais e físicas diminuíram.CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES: Ao incorporar a dimensão subjetiva e singular do paciente, e adotar uma troca de saberes interdisciplinar, o Matriciamento ousa construir redes produtoras de vida no cotidiano, opondo-se à medicalização do sofrimento e contribuindo para a construção de um modelo de cuidado integral na Atenção Primária à Saúde.