Tamanho da fonte: 

Introdução: A prescrição e uso de medicamentos em idosos pode levar a resultados indesejados, acarretando internações hospitalares evitáveis e elevando os custos do sistema de saúde. Métodos: Estudo transversal com análise do consumo de medicamentos em inquérito domiciliar com idosos (>60 anos) de ESF, Divinópolis-MG com instrumento estruturado e codificado. Variáveis explicativas foram: características sócio-demográficas, nosológicas (CID), acesso/utilização de serviços de saúde (consultas e medicamento), informações da prescrição (lista de medicamentos essenciais, dosagem), consumo/características dos medicamentos (ATC, duração do uso, forma farmacêutica). Resultados e Discussão: Foram entrevistados 87 idosos, destes 50,6% do sexo feminino, com idade mediana de 67,0 anos e maioria com apenas 1-4 anos (54,0%) de estudo. Quanto ao acesso/utilização de serviços, 70,1% utiliza o SUS consultas médicas, a maioria com 4 ou mais consultas/ano (47,1%), contudo a aquisição dos medicamentos foi majoritariamente pelo SUS (83,9%). As doenças mais prevalentes foram do aparelho circulatório (55,9%), seguidas de endócrinas/nutricionais/metabólicas 13,1% e de transtornos mentais e comportamentais 8,74%. Houve prescrição de 320 medicamentos, razão de 3,7 medicamentos/idoso (máximo: 11 medicamentos). Prevaleceu o uso crônico com 92,1% e em relação à classificação ATC, 52,1% dos medicamentos atuando no sistema cardiovascular, 14,1% no sistema nervoso central (13,1%) e 11,2% no sistema digestivo e metabolismo. O medicamento mais prescrito foi hidroclorotiazida (10,9%). Tomando-se a relação nacional de medicamentos como referência para uso consagrado observou-se que somente 82,5% dos medicamentos constava desta. Quanto à adequação da dosagem (efetividade e segurança) dos medicamentos em idosos a sobredose ocorreu em 12,1% e a subdose em 4,1% dos medicamentos. Considerações finais: A baixa escolaridade associada à elevada prevalência de consumo de múltiplos medicamentos, ao uso de medicamentos fora da lista de essenciais, assim como a falta do ajuste de dosagem às características dos idosos predispõe esta população a resultados negativos com a farmacoterapia e pode onerar os gastos com saúde e diminuir a qualidade de vida dos usuários. Percebe-se com o estudo a necessidade de educação dos prescritores e de organização do sistema de saúde quanto à a lista dos medicamentos essenciais .